Em março, quando a XP anunciou que havia levantado R$ 1,67 bilhão, em seu segundo fundo de private equity, Chu Kong, sócio e gestor dos fundos de private equity da XP Asset, afirmou ao NeoFeed que já tinha algumas empresas na mira e parte do dinheiro já tinha endereço.

Em abril, o private equity da XP adquiriu, por R$ 200 milhões, participações majoritárias em cinco clínicas de reprodução assistida. Agora, anuncia mais um negócio. O fundo acaba de comprar uma participação minoritária, mas relevante, na holding de estética dermatológica JL Health, por R$ 225 milhões.

“A JL Health nos chamou atenção porque é uma holding com várias tecnologias e grandes avenidas de crescimento que pode proporcionar”, diz Kong, com exclusividade ao NeoFeed. “Pelo potencial deles, vamos promover um crescimento acelerado e um upside de exit via mercado de capitais.”

Fundada em 2002 pelo engenheiro José Luiz Pinto, a JL Health atua com 18 marcas e a mais importante delas é a Medsystems. A companhia vende equipamentos para médicos dermatologistas e cirurgiões plásticos e também para clínicas de estética. “Temos mais de quarenta tecnologias como laser de depilação, rejuvenescimento, radiofrequência e várias outras”, diz o fundador.

São equipamentos voltados aos tratamentos estéticos. Um deles, por exemplo, é chamado de Ultraformer, um ultrassom que combate flacidez. “A Medsystems faz um trabalho de curadoria. Encontramos no mundo fabricantes de alta tecnologia que entreguem soluções para o mercado local”, diz Denis Regis, CEO da Medsystems.

Trata-se de um mercado B2B, mas com uma característica muito peculiar. Afinal, o comprador é geralmente o médico. E os equipamentos vão de R$ 200 mil a R$ 1,3 milhão. “O mercado de dermatologia tem aproximadamente 11,5 mil médicos e temos na carteira 80% desse público”, diz Regis.

Ultraformer
O equipamento Ultraformer é um dos importados pela companhia

No ano passado, a empresa faturou R$ 520 milhões e, neste ano, deverá alcançar uma receita de R$ 700 milhões. Além da venda de equipamentos, o que chamou a atenção do private equity da XP é a receita recorrente que também gera. Um equipamento de radiofrequência, por exemplo, necessita de micro agulhas a cada procedimento, entre outros. Essa parte recorrente representa 20% das receitas da companhia.

O dinheiro da XP, dizem o fundador e o CEO, vai ajudar a acelerar a operação, sobretudo, com a entrada em novos segmentos. Hoje, a JL Health atua de forma discreta nos segmentos de ginecologia e oftalmologia, e vai entrar em ortopedia neste ano. Essas novas frentes representam somente 5% do faturamento da empresa.

“Na ginecologia, por exemplo, há um crescimento da demanda por tratamentos de rejuvenescimento íntimo e temos tecnologias para isso”, diz Regis. E prossegue. “Na oftalmologia, vamos avançar com novas tecnologias para equipamentos de operações de catarata e o fornecimento da lente.”

No caso da oftalmologia, há uma vantagem dentro do próprio private equity da XP. O primeiro fundo é investidor da Vision One que recebeu um aporte de R$ 293 milhões. Em dois anos, além do crescimento orgânico, a empresa comprou 12 hospitais e a receita operacional da empresa foi multiplicada por dez. Saiu de R$ 65 milhões para R$ 650 milhões de receita bruta. “Vamos conectar as duas empresas para elas conversarem”, diz Kong.

Na ortopedia, o segmento que a empresa vai começar a operar, a JL Health deverá atuar com equipamentos voltados a tratamento de dor, com tecnologias como onda de choque, de campo eletromagnético, uso de ácido hialurônico para preenchimento de cartilagem.

“Se eles fizerem o trabalho que eles fizeram em dermatologia nesses outros segmentos, será fenomenal”, diz Kong. O otimismo do comandante do private equity da XP é tão grande que ele já dá um horizonte para o IPO. “Em dois ou três anos, chegaremos lá.”