A XP Inc. fechou o terceiro trimestre novamente batendo recorde nas linhas de lucro e receita, além de manter o ritmo de captação no varejo, fatores que abriram espaço para a empresa aprovar o pagamento de R$ 3 bilhões aos investidores e dão confiança para o cumprimento do guidance para 2026.

O lucro líquido da XP somou R$ 1,2 bilhão, alta de 9% na comparação com o mesmo período de 2023, segundo o balanço divulgado na terça-feira, 19 de novembro, após o fechamento do mercado. A receita bruta da companhia atingiu R$ 4,53 bilhões, alta de 4%.

Diante desses resultados, a XP aprovou o pagamento de mais R$ 3 bilhões aos acionistas, com R$ 2 bilhões na forma de dividendos, previstos para dezembro, e R$ 1 bilhão via programa de recompra de ações. A empresa já tinha feito uma recompra de R$ 1,3 bilhão.

Com os novos anúncios, a XP vai retornar aos investidores cerca de R$ 4,2 bilhões neste ano. “Neste ano, vamos ter um payout de mais de 90%”, disse o CFO da XP, Victor Mansur, em conversa com jornalistas.

O terceiro trimestre foi novamente marcado pela captação de recursos com o varejo, como foi visto no segundo trimestre, outra vez puxado pela renda fixa, que vem ajudando a XP neste ano.

No período, o net new money nesta frente subiu 6% em base trimestral e 124% na anual, para R$ 25 bilhões, de acordo com o balanço – a comparação anual desconsidera os efeitos oriundos da aquisição do Modal.

A captação total somou R$ 31 bilhões no terceiro trimestre, queda de 36% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 3% ante o segundo trimestre, considerando os efeitos da incorporação do Banco Modal nos dados do terceiro trimestre do ano passado.

“O resultado reforça o ponto que estamos falando, que por volta de R$ 20 bilhões é o ‘novo normal’ em termos de captação [para o varejo] e continuamos vendo a vantagem competitiva da nossa rede de distribuição, da nossa plataforma de investimentos, como principais fatores do retorno do net new money”, afirmou Mansur.

Com o avanço de 6% do número total de clientes ativos em relação ao terceiro trimestre de 2024, para 4,6 milhões de pessoas, os ativos sob custódia somaram R$ 1,2 trilhão ao final do terceiro trimestre deste ano, alta de 12% em base anual.

A receita da parte de varejo da XP somou R$ 3,5 bilhões, alta de 10% em base anual e 6% na comparação trimestral, com a renda fixa ajudando a compensar o momento ruim da renda variável, que ainda patina diante do cenário de juros maiores.

No período, a renda fixa representou 27% da receita total da empresa, somando R$ 938 milhões, aumento de 31% na comparação anual e 14% ante o segundo trimestre. Já a renda variável apresentou queda de 6% em base anual e 5% na trimestral, para R$ 1 bilhão.

Com esses resultados, a XP registrou um take rate anualizado de 1,33%, alta de 0,04 em relação ao segundo trimestre e estabilidade em base anual.

Nas outras linhas de receita da parte de varejo, parte do esforço empreendido nos últimos anos pela XP para diversificar suas linhas de receita e elevar seu share of wallet, um dos destaques foi a parte de seguros, cuja receita subiu 55%, para R$ 55 milhões, com crescimento de 46% em prêmios arrecadados ano contra ano.

A parte de cartões teve uma receita de R$ 302 milhões, aumento de 17% em relação ao terceiro trimestre de 2023, mas queda de 4% ante o segundo trimestre deste ano. O TPV (volume total de pagamentos) somou R$ 12 bilhões, altas de 12% em 12 meses e de 4% em relação ao trimestre anterior.

As despesas gerais e administrativas da XP caíram 2% em base anual, para R$ 1,5 bilhão, mas subiram 7% em relação ao segundo trimestre em função dos gastos com o evento Expert.

Para 2026, a XP projeta uma receita bruta entre R$ 22,8 bilhões e R$ 26,8 bilhões. Para a margem EBT (desempenho operacional e financeiro antes da incidência de impostos) anual, a expectativa é de que fique entre 30% e 34%, sendo que no terceiro trimestre ela atingiu 28,1%, levemente acima dos 28% do mesmo período de 2023, mas abaixo dos 32,8% vistos no segundo trimestre.

Segundo Mansur, quando o guidance foi desenhado, a XP não considerou uma melhora da macroeconomia para atingir os resultados.

Para ele, a XP deve se beneficiar da robustez vista em renda fixa, seja pelo lado dos investidores ou das empresas interessadas em captar recursos, e também da perspectiva de melhora dos resultados dos produtos de varejo, alguns deles começando a dar indícios de rentabilidade. “Estamos bem confortáveis para entregar esses números [do guidance], independente do cenário”, afirmou o CFO.

Listadas na Nasdaq, as ações da XP fecharam o dia com queda de 1,07%, a US$ 16,68. Os papéis acumulam baixa de 34,8% no ano, levando o valor de mercado a US$ 9,1 bilhões.

Reportagem atualizada às 19h17 para incluir a entrevista de Victor Mansur, CFO da XP.