Fundada em 2003, no Recife (PE), a Ser Educacional ganhou escala no mercado de ensino superior ao ir além da capital pernambucana com suas faculdades, especialmente em outras capitais e estados do Nordeste e também da região Norte.
Mais recentemente, em outra dimensão, o grupo tem investido para que o vínculo com os estudantes não fique restrito ao período da graduação. Nesta segunda-feira, dia 2 de maio, a companhia está dando mais um passo nessa frente, com o lançamento de uma rede social profissional chamada Peixe 30.
O desenvolvimento do projeto havia sido antecipado ao NeoFeed em entrevista concedida por Jânyo Diniz, CEO do grupo, ao Conexão CEO (assista o programa abaixo), em setembro do ano passado.
“Em breve, vamos lançar uma rede social de empregabilidade em que o aluno vai ter acesso a empregos disponíveis no mercado e vai colocar seu perfil, formação e currículo. E vai defender tudo isso com voz e vídeo”, afirmou Diniz, na época.
Um misto de LinkedIn com TikTok, o Peixe 30 vai muito além da tradicional oferta de currículos para empregadores. A rede permite que o usuário faça vídeos de até 30 segundos para se apresentar profissionalmente e ampliar seu networking, além de publicar e consumir conteúdos sobre empreendedorismo e mercado de trabalho.
Gratuita, a plataforma conta com testes de habilidades que mapeiam soft-skills dos usuários, facilitando o casamento de candidatos e vagas. E também recomenda cursos e capacitações com base no perfil desses usuários.
A rede social Peixe 30 foi desenvolvida pelos mesmos criadores da Beduka, edtech mineira adquirida pela Ser em dezembro de 2020. A startup criou uma plataforma que auxilia os estudantes na escolha dos cursos e instituições de ensino superior.
O Peixe 30 surgiu da experiência que Willian Valadão e seus sócios tiveram para encontrar um gerente de projetos em 2020, antes de venderem a startup. Eles abriram um processo seletivo e acabaram recebendo mais de 300 currículos. O que parecia ser algo bom, ao ampliar as possibilidades de escolha, acabou se revelando um caos.
“Eram muitos currículos, alguns com quatro páginas”, diz Valadão, ao NeoFeed. Depois da compra da Beduka, ele assumiu o posto de diretor de produtos digitais da Ser Educacional. “Gastávamos pelo menos 5 minutos para fazer uma análise mínima de cada currículo, um desperdício de tempo enorme e, no fim, não conseguimos contratar uma pessoa.”
Para Valadão, o modelo clássico de currículo fala muito pouco sobre a aptidão da pessoa para uma determinada vaga. Ele traz informações sobre formação e experiência, mas isso é insuficiente para uma empresa julgar se o candidato é a melhor escolha. E esse formato é ainda pior para quem está começando no mercado de trabalho.
“Os estudantes, geralmente, não têm bagagem profissional, então o que eles vão colocar no currículo?", diz Valadão. "O que estamos fazendo é criar uma ferramenta para eles conseguirem o seu espaço, para que possam se apresentar. No caso do vídeo, eles podem mostrar seu potencial.”
Na avaliação do executivo, além de tornar o processo mais dinâmico e contar com ferramentas para ajudar os usuários a encontrarem vagas adequadas a seus perfis, o Peixe 30 vai ajudar a nova geração a encontrar emprego por ter um formato que os jovens estão mais familiarizados.
“A geração abaixo dos 40 anos é muito mais visual e não está se conectando com as opções que existem por aí", observa. "Precisamos de uma rede social profissional que seja mais dinâmica e o vídeo ajuda a aproximar os candidatos das empresas.”
A meta da Ser Educacional é ter cerca de 2 milhões de usuários nos próximos 12 meses, uma base que pode compreender, inclusive, pessoas que não são ou foram alunos nas faculdades do grupo.
Inicialmente, o plano é atrair esses usuários para estabelecer uma dinâmica de rede social, com interações e produção de conteúdo, para depois incorporar, gradativamente, as empresas. “O objetivo é que os profissionais sejam buscados pelas empresas”, disse Valadão.
Em um dos caminhos para fazer com que o Peixe 30 caia nas graças do público, a empresa fechou parcerias com 42 influenciadores do mundo dos negócios, que vão divulgar conteúdo sobre empreendedorismo e mercado de trabalho na plataforma.
A lista inclui nomes como Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, plataforma voltada a apoiar empreendedores negros e que conta com 97,9 mil seguidores no LinkedIn; e Luciano Santos, ex-diretor de vendas do Facebook e escritor de livros sobre carreira, que possui 429,1 mil seguidores na rede social da Microsoft.
A chegada da rede social integra os planos da Ser Educacional para oferecer um pacote de soluções para auxiliar na capacitação e inclusão no mercado de trabalho.
Além da Beduka, a Ser adquiriu, em 2021, a edtech Delinea, para fortalecer seu segmento de educação continuada, expandindo sua base de cursos de 8 mil para 17 mil. A aquisição também reforçou o acervo do GoKursos, marketplace de cursos digitais, e a oferta de soluções B2B.
Avaliada em R$ 1,2 bilhão, a Ser fechou 2021 com um total de 223,6 mil alunos, alta de 17% sobre 2020. No segundo semestre, a empresa reportou uma captação recorde para o período, com 58,9 mil matrículas de ensino superior, alta de 12%.
Com previsão de divulgar os resultados do primeiro trimestre no dia 13, a companhia informou no trimestre passado que o processo de captação de alunos deve ser elevado. Na ocasião, o grupo projetou um crescimento de 25,4% nos produtos híbridos e de 43,5% no ensino digital.
Outros grupos do setor também têm trabalhado na criação de ecossistemas para estender seus vínculos com os alunos. Em entrevista ao NeoFeed no fim de 2021, o então CEO da Cogna, Rodrigo Galindo, anunciou o lançamento de um marketplace B2C de educação, com cursos regulados, não regulados e voltados a diferentes objetivos de formação.
Assista ao Conexão CEO com Jânyo Diniz, CEO da Ser Educacional: