Dentro da estrutura da Reserva, o básico agora precisa ser pop. Lançada no fim do ano passado, como marca de entrada e nativa digital, a Simples Reserva, caçula do grupo AR&CO, entra em processo de expansão no atacado com a previsão de chegar a mil pontos de venda em três meses e programando a abertura de até dez lojas próprias este ano.
Criada como uma linha complementar de camisetas da Reserva, a marca ganhou vida própria e ampliou o público para além do masculino, atendendo toda a família com moletons, jeans, calças de sarja e, nesta semana, camisa polos. Nela, uma camiseta 100% algodão custa R$ 69, enquanto que na Reserva sai a partir de R$ 149 e na Oficina (a marca mais premium da Reserva) custa R$ 249.
“Precisávamos de uma marca de entrada para complementar a pirâmide do grupo Reserva e enxergamos uma lacuna no mercado para os básicos. Depois de um ano e meio de teste chegamos como marca independente e com preços muito acessíveis", disse ao NeoFeed João Vitor Assunção, head da Simples Reserva.
"Em nenhum momento pensamos em lançar uma marca para competir com a Hering, ainda que todo mundo faça essa comparação. Mesmo assim, pelo levantamento, estamos só em alguns itens 5% acima da Hering, na maioria estamos na mesma faixa, e no geral 20% abaixo da Zara.”
Neste primeiro ano, a meta é atingir R$ 50 milhões de faturamento só no canal multimarcas. “O desejo é triplicar o resultado no ano que vem. Em cinco anos, queremos ter uma ampla capilaridade.” No desenho do negócio o atacado precisa representar 70% da receita.
Além disso, Assunção estima que caibam 300 lojas Simples Reserva no país, entre próprias e franqueadas.” Hoje, a Reserva tem 142 lojas, sendo 63 próprias e 79 franquias.
As lojas foram pensadas com metragens entre 60 m² e 450 m² para shoppings de perfil menos sofisticados do que os da Reserva. “Em alguns podem até fazer sentido ter as duas marcas, mas elas são bem distintas.”
A primeira loja física será no Rio, ainda neste semestre, e neste primeiro ano as aberturas vão se concentrar no Sudeste. “É importante ficar perto da matriz neste momento para a gente cuidar de tudo mais de perto.”
A competição vai ser mesmo com a Hering, marca que o grupo Arezzo disputou mas perdeu para o concorrente Soma em 2021. A estratégia anunciada pelo grupo para Hering na última semana também é o fortalecimento do atacado com crescimento previsto de 25% este ano. No último ano, a Hering alcançou faturamento de R$ 816 milhões sendo responsável por 40% do resultado do Soma.
Além do exército de representantes que já está em campo, a jornada ambiciosa toma forma esta semana com a inauguração da Casa Simples Reserva, um showroom fixo no bairro do Itaim, em São Paulo. É ali que Assunção acredita que possa virar o jogo, quando os donos de multimarcas visitarem o espaço multicolorido e conferirem as peças nas mãos.
“Não é só no preço que temos diferencial, mas também na qualidade de nossas peças 100% nacionais, no sortimento de cores, na grade estendida. A Simples é um básico muito bem-feito e acessível, um gap que mapeamos no mercado.” O "mercado de básico" é estimado no país pelo grupo em R$ 115 bilhões.
Outro diferencial, avalia Assunção, é a própria força do nome Reserva, a "voz de marca se perpetua em todos os produtos" ainda mais num momento de fragilidade do varejo em redes como Americanas e Marisa.
“Neste momento é a Reserva que abre portas para a Simples, mas no futuro vamos levar com a Simples a assinatura Reserva para todo país”, diz o executivo de 26 anos, engenheiro de produção, que entrou na companhia como estagiário na área financeira há 4, e que pelo entusiasmo é chamado por alguns de "mini Rony", em referência a Rony Meisler, fundador do Grupo Reserva.
Ao contrário da marca mãe, a Simples tem peças de modelagem mais reta, menos slim, com tamanhos de 4 anos até GGG, com 70% de itens atemporais. Hoje são 300 produtos na grade, mas o plano é crescer o mix com acessórios como cintos, bonés e carteiras, além de essenciais de lingerie e meias, e no futuro calçados.