Não foram poucas as vezes em que a Apple começou a explorar um novo produto ou tecnologia depois de outros rivais. Apesar desses “atrasos”, não faltam casos para ilustrar que a chegada da companhia foi o que fez com que aquela determinada categoria se tornasse, de fato, um hype entre os consumidores.
Entre os exemplos dessa combinação quase sempre imbatível de designs arrojados e facilidade de uso estão os smartphones. O iPhone foi lançado apenas em 2007, mas, em pouco tempo, atropelou a finlandesa Nokia e a canadense BlackBerry, que dominavam, na época, a categoria ainda em maturação.
Agora, ao que tudo indica, a empresa da maçã está disposta a repetir essa história. Novamente, em um segmento ainda em desenvolvimento, que está emergindo como uma das próximas ondas de tecnologia e que já está atraindo o interesse de outras gigantes do setor: o metaverso.
A porta de entrada da Apple nesse mundo será o lançamento de headset de realidade mista, conceito que mescla características da realidade aumentada e da realidade virtual, justamente as bases do metaverso.
Segundo informações da agência Bloomberg, o dispositivo, fruto de sete anos de desenvolvimento, deve ser batizado de Reality Pro e a previsão é de que ele seja apresentado no segundo trimestre de 2023, antes da conferência anual de desenvolvedores da companhia, marcada para junho.
O headset já foi compartilhado com um pequeno grupo de desenvolvedores e será equipado com o novo sistema operacional xrOS. A previsão é de que o lançamento ocorra em novembro deste ano, no fim do outono nos Estados Unidos, com recursos como um campo de visão de 120 graus.
O equipamento seria a principal novidade da Apple para 2023 e, na esteira dessa aposta, a companhia deve anunciar atualizações incrementais e relativamente pequenas em outras linhas de produtos, como os MacBooks, o Apple Watch e os iPads.
Segundo o portal americano The Information, uma das possibilidades incluídas no dispositivo, que deve custar cerca de US$ 3 mil nos Estados Unidos, e voltada a segmentos como educação será a oferta de experiências de realidade virtual, por meio de uma parceria comercial e de um mecanismo batizado de Unity.
Em paralelo, a empresa liderada pelo CEO Tim Cook estaria trabalhando em uma versão atualizada do aplicativo da Apple Store, sua loja de aplicativos, com a adição de recursos de realidade aumentada. Essas funções poderiam ser ativadas pelos consumidores nas lojas físicas da marca.
A chegada da Apple, acompanhada por seu histórico no mercado, é vista por analistas como uma grande ameaça a outras empresas que estão tentando desbravar o metaverso. Em particular, a Meta, dona do Facebook que, entre outras iniciativas, já comercializa seus headsets Quest, de realidade virtual.
A empresa de Mark Zuckerberg elegeu o conceito como prioridade em outubro de 2021, quando adotou seu novo nome e deixou clara essa intenção. Porém, desde então, a Meta enfrenta uma série de problemas, como a perda de usuários no Facebook e a falta de confiança dos investidores no novo caminho.
Nesse contexto, a empresa viu seu valor de mercado cair da faixa de US$ 880 bilhões, na época em que foi rebatizada, para os atuais US$ 342 bilhões. Nos últimos doze meses, os papéis da companhia acumulam uma desvalorização de aproximadamente 60%.
Curiosamente, a Apple está ligada a outro fator que contribuiu para derrocada da Meta. A companhia de Zuckerberg viu sua receita de publicidade ser bastante afetada com as atualizações das regras de privacidade promovidas pela rival, com a exigência de que os aplicativos tivessem permissão explícita dos donos de iPhones e iPads para utilizar os dados dessas pessoas em anúncios segmentados.
A Apple, por sua vez, também viu seu valor de mercado recuar substancialmente, diante de problemas como rupturas em sua cadeia de produção e a desaceleração da economia global.
A empresa está avaliada na casa de US$ 2,1 trilhões, um ano depois de ser a primeira companhia a superar a marca de US$ 3 trilhões. Nos últimos doze meses, o preço de suas ações recuou cerca de 24%.