Depois de registrar a sua primeira queda na receita na história, a gigante chinesa Tencent, dona do WeChat, está realizando um movimento de desinvestimento de parte das participações que detém em sua carteira de investimentos.
A expectativa é vender cerca de US$ 14,5 bilhões em ações de empresas compõe o portfólio de investimento da gigante chinesa estimado em US$ 88 bilhões e que conta com mais de 800 ativos, entre eles o Nubank e a Omie.
A política de desinvestimento da Tencent, que vale US$ 400 bilhões, vai levar em conta as condições do mercado. Também serão consideradas algumas metas internas de lucro, mantidas em sigilo pela empresa, segundo o Financial Times (FT).
O desinvestimento da Tencent deve atingir a empresa de serviço de delivery Meituan, avaliada em US$ 141 bilhões. A companhia não seria uma prioridade da Tencent para sair agora dado ao seu bom desempenho, mas vender uma fatia pode ajudar o governo chinês reduzir a pressão anti-monopólio sobre a empresa, disseram fontes ao FT.
A Tencent informou que não tem “valores-alvo para desinvestimentos” e que sempre investe com “o objetivo de gerar retornos sólidos para nossa empresa e acionistas, não de acordo com qualquer cronograma ou meta arbitrária”.
Com os resultados ruins no último trimestre, a pressão de investidores sobre a companhia para realizar desinvestimentos também aumentou. Os acionistas desejam que a Tencent negocie principalmente os ativos que estão tendo baixo desempenho no mercado devido às políticas do governo da China para frear uma onda de Covid-19 no país.
A Tencent já investiu em algumas startups brasileiras. Em 2018, investiu US$ 200 milhões na operação do Nubank. No fim do ano passado, investiu um valor não revelado na extensão de uma rodada de Série C de US$ 580 milhões na operação da Omie, startup que atua com uma plataforma de gestão online.
A notícia sobre o movimento vem algumas semanas após a Tencent divulgar seu balanço do segundo trimestre deste ano. Os resultados financeiros da companhia vieram com uma queda inédita na receita, que ficou em US$ 19,8 bilhões para o período – 3% menor do que a registrada no mesmo trimestre do ano passado. A queda no lucro foi bem maior: baixa de 56% para US$ 2,7 bilhões.
Entre os fatores que explicam o resultado o principal se deve à questão macroeconômica. O crescimento econômico da China no trimestre foi de apenas 0,4%. A projeção de especialistas do mercado era de que a economia chinesa cresceria entre 0,9% e 1% no período – um percentual ainda baixo para os números arrebatadores que o país chegou a registrar anos atrás.