A M. Dias Branco, maior fabricante de biscoitos e massas do Brasil e dona das marcas Adria, Vitarella, Isabela, Basilar, Richester e Piraquê, apresentou um resultado decepcionante no seu terceiro trimestre fiscal que o BTG Pactual classificou como “difícil de digerir”.
A companhia cearense viu seu lucro encolher 42,6% para R$ 134,5 milhões no terceiro trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Todos os principais indicadores foram negativos. A receita diminuiu 11% para R$ 1,5 bilhão. O Ebitda atingiu R$ 188 milhões, uma queda de 34% e a margem, no trimestre, ficou em 12,1%. Há um ano, era 16,3%.
A produção de biscoitos reduziu 26% e a de massas, 30% no período. A participação de mercado da empresa em biscoitos caiu 1,4 ponto percentual, para 33,2%, segundo a Nielsen. E a fatia de massas caiu 2,6 pontos percentuais, para 35,6%
“A queda na produção levou a uma diluição menor nos custos fixos e isso pesou mais do que o aumento nos custos com o trigo”, afirmou Fabio Cefaly, diretor de novos negócios e relações com investidores da M. Dias Branco, durante teleconferência com analistas nesta segunda-feira, 11 de novembro. “Neste momento, a prioridade está na retomada dos volumes de produção.”
As ações da M. Dias Branco caiam 1,2% na B3, por volta das 17h30. Neste ano, elas acumulam queda de quase 24%, enquanto o índice Bovespa subia 18%. Os papéis estão sendo negociados a 16,1 vezes o P/L (preço/lucro), em linha com sua média histórica dos últimos dois anos.
“Esperávamos que alguns sinais de recuperação começassem a aparecer a partir do terceiro trimestre”, escreveram os analistas do BTG Pactual, Thiago Duarte e Henrique Brustolin. “Mas o terceiro trimestre foi uma decepção ainda maior, com volumes de biscoitos e massas retraindo-se abruptamente, e até abaixo do segundo trimestre, apesar da sazonalidade favorável.”
A M. Dias Branco atribuiu o resultado a normalização dos estoques, que antes eram de 60 dias e agora estão em 30 dias, e a redução dos descontos. “Estamos no caminho certo para a melhora gradual dos preços médios, sem significar aumento para consumidores finais”, afirmou Cefaly. A companhia também perdeu vendas em grandes varejistas e diz que agora vai trabalhar com marcas exclusivas em alguns atacarejos.
A analista Luciana Carvalho, da BB Investimentos, vê um cenário desafiador para a M. Dias Branco no curto prazo. “Até que todas as iniciativas sejam implementadas, vemos um cenário ainda fraco para o consumo do Brasil, um ambiente competitivo mais difícil, maiores custos devido à valorização do dólar e maiores despesas relacionadas ao processo de reestruturação e integração da Piraquê ainda impactando o crescimento das vendas e as margens para os próximos trimestres”, escreveu Carvalho.
A Piraquê foi comprada no ano passado por R$ 1,55 bilhão. Seus resultados só passaram a ser incorporados a partir de maio deste ano no desempenho da M. Dias Branco. Cefaly afirmou que o volume da marca Piraquê está começando a ganhar tração. “Estou convencido do potencial da marca no território nacional.”
Quando comprou a Piraquê, o objetivo da M. Dias Branco era ganhar tração na região Sudeste. Sua atuação sempre foi forte no Nordeste, região na qual fica a sua sede. Os resultados indicam que a tarefa não será tão fácil.
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