Desde o fim de 2023, a Dasa tem adotado uma série de medidas para recuperar sua saúde financeira, bastante afetada nos últimos anos. Entre outras iniciativas, o grupo renovou todo o seu alto escalão, anunciou uma joint venture, descontinuou operações e vendeu ativos para reduzir sua alavancagem.

Agora, esse pacote e o grupo de saúde estão no radar do BB Investimentos. O banco iniciou a cobertura da empresa e, em seu diagnóstico inicial, estabeleceu a recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 3,20 para a ação, o que representa um upside de 30% sobre a cotação do último pregão.

“Embora esse potencial seja considerável em valores absolutos, entendemos que os desafios de execução e a atual estrutura de capital implicam em um risco relativamente elevado, o que justifica nossa recomendação neutra”, escreve William Bertan, do BB Investimentos.

Em relatório, o analista destacou os pilares da tese de investimento da Dasa. Entre eles, o foco em rentabilidade e eficiência operacional, com medidas como a venda do negócio de corretagem e seguros, e a decisão de não priorizar mais segmentos como home care e coordenação de cuidados.

Na avaliação de Bertan, a execução desse pacote diverso de iniciativas operacionais e estratégicas, em diferentes estágios de maturidade, podem levar a uma melhora das margens da operação e ao crescimento dos resultados.

Outro ponto em destaque é a expansão da rede hospitalar e oncológica, que teve como principal movimento recente um acordo para a criação de uma joint venture com a Amil no segmento, anunciado em junho deste ano.

Entre outros termos, a transação, que ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), envolve uma receita combinada de R$ 9,9 bilhões e prevê que a Dasa transfira R$ 3,85 bilhões em dívidas para a nova operação.

“A transferência de R$ 3,85 bilhões de dívida para a joint venture, prevista no acordo, proverá estrutura de capital e alavancagem operacional mais saudáveis para a continuidade das operações”, observa o analista, em outro trecho do relatório.

Para ele, o acordo é benéfico para a Dasa, pois vai permitir a expansão com ativos de qualidade e potencial de elevação das margens operacionais. Ao mesmo tempo que manterá sua posição como uma das principais redes hospitalares privadas e reforçará sua presença em regiões estratégicas.

Já no negócio tradicional do grupo, a medicina diagnóstica, o banco frisa que a Dasa se beneficia de uma cobertura geográfica abrangente, com um leque de marcas que permite o acesso a diferentes classes sociais e consumidores, o que favorece a captura de uma “uma parcela significativa” do mercado.

“Acreditamos na viabilidade da retomada de incremento das margens à medida que as iniciativas de eficiência de custos apresentem resultados, aliado ao potencial de crescimento do volume de exames demonstrado nos últimos anos”, observa o BB Investimentos.

A partir dessas questões e levando em conta que a empresa seja bem-sucedida na execução dos seus planos, o banco projeta uma receita líquida de R$ 16,6 bilhões para a empresa no fim de 2025, além de um Ebitda de R$ 2,8 bilhões e de uma margem Ebitda de 17,2% no período.

Em outro indicador, a última linha do balanço, o BB Investimentos projeta, porém, que a Dasa só volte a registrar lucro em 2026.

A ação DASA3, da Dasa, registrava queda de 1,2% por volta das 12h25 na B3, cotadas a R$ 2,42. Em 2024, os papéis acumulam uma desvalorização de 74,8%. A companhia está avaliada em R$ 3,02 bilhões.