Em 2022, a China confirmou seu posto de maior mercado de carros elétricos ao responder por 59% das vendas globais, segundo a consultoria EV Volumes. Nessa trilha, o país tem sido o principal palco das disputas das montadoras na categoria, hoje bastante centradas na local BYD e na americana Tesla.
Entretanto, há quem não esteja economizando para desafiar o domínio da dupla. Esse é o caso da Volkswagen que, nesta quarta-feira, 26 de julho, divulgou mais um passo para reforçar sua presença no mercado chinês e, como consequência, ganhar mais posições nessa corrida.
A montadora alemã anunciou um acordo de cooperação de longo prazo com a XPENG, fabricante local de veículos elétricos que também busca fazer frente ao avanço da Tesla e da BYD. A parceria envolve um aporte de US$ 700 milhões, em troca de uma fatia de 4,99% na operação.
“A Volkswagen tem uma estratégia de eletrificação de longo prazo para o mercado chinês. Estamos nos concentrando em projetos de desenvolvimento com parceiros fortes locais para expandir rapidamente nosso portfólio de produtos”, afirmou, em nota, Stefan Mecha, CEO da Volkswagen na China.
A partir da injeção de recursos na XPENG, a Volkswagen também terá direito a um assento no conselho de administração da montadora. Inicialmente, a parceria prevê o desenvolvimento a quatro mãos de dois modelos elétricos da Volkswagen para o mercado local, com lançamento previsto para 2026.
O grupo anunciou também anunciou uma joint venture da Audi, uma das marcas do seu guarda-chuva, com a SAIC, outra montadora chinesa. O acordo expande a cooperação que as duas marcas já mantinham no país e têm como foco o desenvolvimento conjunto de veículos elétricos premium.
“As parcerias locais são um elemento importante na estratégia ‘na China para a China’ do grupo Volkswagen.”, disse, em nota, Ralf Bandrstätter, membro do board da montadora para a China. Ele ressaltou que a tese é criar sinergias com esses parceiros para agilizar o lançamento de produtos.
“Ao fazer isso, nos concentramos nas necessidades específicas de nossos clientes na China. Ao mesmo tempo, queremos otimizar significativamente os custos de desenvolvimento e aquisição”, complementou o executivo.
Dentro dessa orientação, a Volkswagen anunciou em abril deste ano um aporte de € 1 bilhão em um centro local de Pesquisa e Desenvolvimento. Focada em carros elétricos e automação, a unidade terá como sede a cidade de Hefei, na província de Anhui.
Com a projeção de abrigar mais de 2 mil profissionais, o centro tem previsão de entrar em operação ainda nesse ano e contará ainda com uma fábrica de veículos e de sistemas de baterias de alta tensão.
Além do potencial e da relevância do mercado local, a ampliação dos investimentos na China tem como racional a queda nas vendas da Volkswagen no país. Esse recuo foi um dos motivos por trás da demissão, em julho de 2022, de Herbert Diess, então CEO global do grupo.
O executivo foi substituído por Oliver Blume e, desde então, a montadora alemã vem intensificando seus investimentos no país. Seja por meio do desenvolvimento de softwares específicos para o mercado chinês, em áreas como assistência ao motorista e direção autônoma, ou por meio de quatro parcerias locais.
Um dos elementos mais recentes nessa última equação, a XPENG é, ao lado da BYD, uma das principais rivais locais da Tesla. Entre outras linhas, a montadora tem em seu portfólio modelos como o sedã esportivo P7 e o utilitário esportivo G6.
Em 2020, a montadora captou US$ 1,5 bilhão em um IPO na Bolsa de Nova York. Com o anúncio de hoje, as ações da empresa engataram um rali na bolsa americana. Por volta das 11h28 (horário local), seus papéis subiam 27,15%, dando à companhia um valor de mercado de US$ 16,8 bilhões.
Já as ações da Volkswagen registravam um recuo de 1,29% na bolsa de valores alemã. O grupo está avaliado em € 69,4 bilhões e seus papéis acumulam uma valorização de 6% em 2023.