Se fosse preciso definir em uma única frase os resultados das Arezzo&Co em 2022, ela poderia ser a seguinte: “2022, o ano dos recordes”.

No ano passado, as receitas do grupo totalizaram R$ 5,2 bilhões, um salto de 43,4% em relação a 2021. Foi o melhor desempenho da história da companhia fundada em 1972 pelos irmãos Anderson e Jefferson Birman.

A empresa, de fato, ultrapassou diversas marcas. Algumas delas chamam atenção. A Arezzo superou em 2022 o número simbólico de 1.000 lojas – fechou o ano com 1.013 no total.

Ao todo, 32,4 milhões de produtos foram vendidos nos diversos braços de negócios do grupo, número que representa um avanço de 29% sobre 2021.

Sua base ativa de clientes chegou a recordistas 5,3 milhões – um acréscimo de 22% em relação ao período anterior.

No ano passado, as receitas do grupo totalizaram R$ 5,2 bilhões, um salto de 43,4% em relação a 2021

Não à toa, outros indicadores financeiros progrediram de maneira consistente. Os R$ 657 milhões de EBITDA ajustado (excluindo efeitos não recorrentes) representaram um aumento de 43% em relação a 2021. Por sua vez, o lucro líquido ajustado também subiu 43%, para R$ 386 milhões.

“Foi um ano para entrar para a história de nossa companhia”, afirma Rafael Sachete, CFO da Arezzo&CO. “Em 2022, aceleramos tanto as nossas marcas core quanto aquelas adquiridas.”

Lembre-se que os resultados vieram em um ano marcado por inúmeros desafios no campo macroeconômico. Inflação alta e incertezas domésticas e locais poderiam ter afetado a performance do grupo. Mas isso não ocorreu.

Afinal, como a Arezzo&Co chegou a desempenhos tão expressivos? Para responder a questão, é preciso olhar atentamente os diversos braços de negócios do grupo.

“Não existe uma bala de prata que levou a um resultado tão bom, mas uma série de fatores que, combinados, ajudaram a empresa a alcançar esse desempenho”, pontua Sachete.

Sem exceção, as principais marcas e divisões pertencentes ao grupo – Arezzo, Schutz, AR&Co, Anacapri e Alexandre Birman – tiveram crescimento robusto de seus faturamentos em 2022.

“Foi um ano para entrar para a história de nossa companhia”, afirma Rafael Sachete, CFO da Arezzo&CO.

Na média, as marcas core cresceram 33,2% em 2022, o que resultou na expansão do market share em diversos segmentos.

As receitas globais da grife Alexandre Birman, por exemplo, saltaram 58,1%, alcançando R$ 224,4 milhões. Quase o mesmo ritmo de expansão foi observado pela AR&Co, que acelerou 55,7% no Brasil, para um total de R$ 1,2 bilhão em negócios gerados.

O crescimento disseminou-se por todas as operações da Arezzo&Co, o que explica em boa medida os números cravados no seu balanço.

No âmbito internacional, o grupo faturou R$ 489,7 milhões com a operação nos Estados Unidos – 40,9% a mais na comparação com 2021. Com isso, os negócios no exterior passaram a responder por 9,4% do faturamento da Arezzo&Co.

Boa parte do resultado em território americano dever ser atribuída à omnicalidade, modelo de negócios consagrado no país.

No Brasil, a integração entre compras físicas e digitais também contribuiu para os resultados do grupo. No ano passado, a base de clientes que compram nos canais on e off avançou 22%. Por sua vez, a receita gerada pelo omnicalidade cresceu 37% – os adeptos dessem modelo têm maior frequência de compra e gastam mais.

Os recordes alcançados pela Arezzo em 2022 não teriam sido atingidos sem a ajuda dos canais digitais. Hoje em dia, diz Sachete, o grupo não é reconhecido apenas como uma plataforma de marcas, mas também como uma plataforma tecnológica.

As receitas geradas pelo e-commerce somaram R$ 1,1 bilhão em 2022, com crescimento forte de 33,4% versus 2021. Com isso, o comércio eletrônico já responde por 23,3% do faturamento total do grupo.

Os avanços no universo digital são fruto de investimentos que vêm sendo realizados ao longo dos anos. Em 2019, a empresa lançou um aplicativo que, com o tempo, ganharia novos recursos.

Em linhas gerais, o app conecta os vendedores das lojas com os estoques dos produtos e toda a base CRM de clientes. A partir disso, os profissionais conseguem montar vitrines virtuais customizadas para aquele consumidor em questão – e oferecer produtos que se enquadram no seu perfil.

O aprimoramento da operação logística também foi vital para os números positivos de 2022. “Realizamos dois investimentos relevantes no ano”, diz Sachete.

O primeiro deles foi a duplicação da metragem do Centro de Distribuição no Rio Janeiro, o principal para as operações da marca AR&Co. O segundo consistiu na inauguração de um novo CD em Cariacica, no Espírito Santo. Juntos, eles receberam investimentos de aproximadamente R$ 40 milhões.

Avanço em 2023

Sachete diz que o grupo deverá trazer inovações ao longo de 2023. Uma delas está em andamento. “É um modelo de abastecimento das lojas físicas que nós chamamos de fracionado”, diz o executivo.

Pelo sistema antigo, o franqueado compra o produto, recebe e vende. Os itens que sobrarem acabam se tornando alvo de liquidações – o que nem sempre traz o retorno financeiro desejado.

“Como o novo modelo, 70% das compras vão para a loja e outros 30% ficam armazenados em nossos CDs”, diz Sachete. “Assim, passamos a fazer reposição direta para as lojas dos itens que estão sendo vendidos.” A iniciativa, acrescenta o CFO, torna a gestão dos estoques mais eficiente.

A Arezzo&Co iniciou 2023 com novidades. Em janeiro, comprou por R$ 173 milhões a marca gaúcha de calçados femininos Vicenza. No início de março, o grupo deu mais um passo firme fortaleceu a sua presença no mercado internacional. Agora, anuncia a top model Gisele Bundchen como a garota-propaganda da campanha de inverno da marca Arezzo.

A investida no exterior começou há uma década com o lançamento das marcas Alexandre Birman e Schutz no mercado americano. Mas há alguns dias a companhia finalizou a sua primeira aquisição no exterior.

Por 25 milhões de euros (cerca de R$ 135 milhões), comprou 65% da marca italiana de sapatos femininos Paris Texas. A ideia é usar a sua base de operações nos Estados Unidos para levar a grife para lá.

No Brasil, a Arezzo tem um longo histórico de aquisições, que inclui grifes como Reserva, Carol Bassi, entre outras.

Como será em 2023? “A visão estratégia da companhia é continuar sendo uma consolidadora de marcas e esse movimento não irá parar”, afirma Sachete. Ou seja, novos recordes deverão ser quebrados no futuro.