Poucas empresas no varejo brasileiro podem dizer que reinventaram o próprio setor. O Assaí é uma delas. O que começou em 1974 como um pequeno negócio na Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, voltado a abastecer pizzarias e pastelarias de bairro, tornou-se, 51 anos depois, a marca mais valiosa e a maior e mais presente empresa brasileira do varejo alimentar, com mais de 300 lojas, 90 mil colaboradores e 40 milhões de clientes atendidos por mês.
A força dessa trajetória não está apenas na escala, mas na capacidade de antecipar movimentos e ditar tendências, um traço que acompanha a companhia desde os primeiros passos. “Chegar aos 51 anos é um marco importante, mas o Assaí continua sendo uma empresa jovem, que evolui acompanhando o cliente e cada vez mais inovadora”, diz Anderson Castilho, vice-presidente de Operações da empresa.
Do novo formato de loja, que redefiniu a experiência do atacarejo no Brasil, à incorporação da tecnologia e da sustentabilidade como pilares de gestão, o Assaí construiu uma trajetória em que a inovação se tornou parte de seu DNA, sempre alicerçada em pessoas e em tecnologia.
A inovação, de fato, sempre esteve no centro da trajetória do Assaí e segue guiando os seus passos. Em 2021, a empresa escreveu mais um capítulo desse pioneirismo ao se tornar o primeiro atacarejo listado na B3 e, dois anos depois, a primeira (e única) Corporation do setor alimentar no país.
A entrada na bolsa marcou o início de uma nova fase, em que o modelo de negócio da companhia passou a servir de referência para todo o setor. Confira, a seguir, os principais marcos dessa jornada de transformação:
Novo modelo de loja
O ano de 2012 marcou um divisor de águas na trajetória do Assaí. Ao inaugurar a unidade de João Pessoa (PB), o grupo apresentou um novo conceito de loja: corredores amplos, ambiente climatizado, iluminação eficiente e estacionamento coberto. “Até então, o cash and carry não tinha preocupação com a experiência de compras, sendo um formato focado unicamente em preço”, diz Castilho. “Nós mudamos esse paradigma, unindo preço a uma experiência melhor. Queríamos que o comerciante e o consumidor se sentissem bem na loja, com uma ambientação moderna, sem abrir mão da economia nas compras.” Além da arquitetura, o novo modelo trouxe maior sortimento de produtos e áreas otimizadas de perecíveis, reforçando uma das vocações históricas da marca: o protagonismo em categorias como frios, queijos e carnes.
Serviços em loja e disciplina financeira
O segundo grande salto veio com a inclusão de serviços como açougue, a partir de 2021. Era um movimento inédito no atacarejo. A partir de 2022, padaria, com pães assados de hora em hora, e empório de frios, com atendimento que fatia embutidos a gosto do freguês, foram incluídos no pacote. “No início, muitos criticaram, diziam que isso aumentaria custos e descaracterizaria o modelo”, diz Castilho. “Mas provamos o contrário: conseguimos oferecer mais valor mantendo o mesmo nível de despesa. Hoje todos tentam fazer o mesmo.”

O projeto começou com pilotos em Sinop (MT) e Natal (RN) e se espalhou rapidamente. Em 2023, o formato já era padrão nas novas lojas e foi incorporado às unidades existentes. O resultado é uma experiência mais completa para todos os públicos – o consumidor final, que quer conveniência, e o pequeno comerciante, que busca agilidade e qualidade na reposição.
“Isso foi feito sem perder a competitividade do Assaí ou aumentar a linha de despesas. Nossa disciplina em custos é, aliás, um dos traços fortes da nossa gestão e temos trabalhado fortemente na redução da alavancagem”, conta Castilho. De fato, no último dia 22 de outubro, o Assaí reportou que o indicador de alavancagem caiu para 3,03 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) no 3º trimestre, o menor patamar desde 2021.
Expansão pelas conversões do Extra
Em 2021, o Assaí protagonizou uma das operações mais emblemáticas do varejo brasileiro ao adquirir 66 pontos comerciais do Extra Hiper e, desses, converter 60 unidades em apenas um ano. “Foi o maior desafio da nossa história recente”, lembra Castilho. “Não se tratou apenas de reforma: precisamos repensar layout, logística, estrutura de engenharia e gestão de pessoas.” O resultado foi um avanço sem precedentes.
O projeto acelerou a capilaridade da empresa e levou o Assaí a áreas urbanas antes inalcançáveis por meio da expansão orgânica, com lojas que chegam a 10 mil metros quadrados de salão de vendas. Na capital de São Paulo, para se ter uma ideia, hoje há lojas atendendo tanto à Zona Sul, como a de Congonhas (próxima ao aeroporto), quanto ao extremo da Zona Leste, como em Cidade Tiradentes.
Muitos desses pontos, situados em regiões estratégicas e de alto adensamento, dificilmente estariam disponíveis no mercado. As conversões permitiram à companhia diversificar o público atendido, alcançando desde o pequeno comerciante de bairro até o consumidor de grandes centros, incluindo as classes AB.
O varejo 4.0
A digitalização é o novo eixo de crescimento. Em 2023, o Assaí lançou o app Meu Assaí, conectando o mundo físico ao digital. No ano seguinte, a empresa começou a implementação dos caixas de autoatendimento (self-checkout). Em novembro deste ano, todo o parque de lojas já contará com a implantação do autoatendimento — totalizando mais de 1,8 mil equipamentos instalados.

“O self-checkout era impensável no atacarejo há alguns anos”, diz Castilho. “Hoje ele atende quem tem pressa e busca comodidade, sem perder o foco no preço e na eficiência.” Por trás das vitrines, há também uma revolução silenciosa. A empresa eliminou o uso de papel, implantou sistemas internos de gestão em tempo real e criou o app Nossa Gente, que digitaliza as rotinas de RH.
Sustentabilidade como propósito
O compromisso com o futuro está no centro da cultura do Assaí. A companhia atingiu em 2024 o índice de 98% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis e mantém o Instituto Assaí, que já doou mais de 5 milhões de refeições somente em um ano (2024). Além disso, a iniciativa investe em programas de combate à insegurança alimentar, empreendedorismo e esporte e cidadania. Mais do que um conjunto de compromissos, trata-se de uma forma de pensar o negócio. “É uma visão de longo prazo que integra responsabilidade ambiental, social e de governança ao dia a dia da operação”, diz Castilho.
Pessoas no centro
Por trás da expansão acelerada está uma cultura forte. O Assaí mantém programas de capacitação e ascensão interna que transformaram milhares de carreiras. O Programa de Trainee de Operações e a Universidade Assaí são os motores desse processo, complementados por políticas de diversidade e inclusão, que já resultaram em 45,8% de líderes pretos e pardos, além de ações pioneiras de inclusão de profissionais seniores, migrantes e refugiados.
Inovar sempre
“Não temos medo de tentar ou de voltar atrás quando algo não funciona”, diz o VP de Operações. Segundo o executivo, mais novidades devem vir para 2026, na linha da evolução do Assaí e do formato. “Precisamos sempre estar atentos ao cliente e ao que ele busca conosco, antevendo os movimentos tanto de consumo quanto de comportamento. Foi isso que nos fez pioneiros e nos fará continuar por muitos outros anos, sempre com o propósito muito claro de levar prosperidade a todos”, conclui.