A agenda ESG avança em ritmo veloz no Brasil. Em 2023, segundo levantamento feito pelo Bradesco BBI, as operações vinculadas a essa temática representaram 12% de tudo o que foi lançado no mercado de capitais local e internacional por emissores brasileiros.
Em 2024, considerando dados do primeiro trimestre, o patamar está em 18%. Em 2019, o percentual foi de 2%. Números como esses mostram como a pauta ESG se tornou onipresente na indústria financeira brasileira.
Boa parte do crescimento pode ser atribuída ao Bradesco BBI, que se consolidou nos últimos anos como uma das referências do país em transações ESG.
A atuação destacada do Bradesco BBI nesse campo foi, mais uma vez, reconhecida por uma das principais premiações de finanças sustentáveis do mundo.
O banco venceu quatro categorias no prêmio Sustainable Finance Awards 2024, concedido pela publicação americana Global Finance.
Desta vez, contudo, o BBI foi ainda mais longe. “No ano passado, as quatro categorias que ganhamos eram regionais da América Latina”, diz Caio Andrade, head de ESG do Investment Banking do Bradesco BBI. “Agora, vencemos uma categoria em nível global.”
No âmbito global, o Bradesco BBI ergueu o troféu na categoria “Títulos Vinculados à Transição/Sustentabilidade”, repetindo o feito na premiação voltada para a América Latina.
As outras duas conquistas vieram nas categorias “Project Finance Sustentável” e “Títulos Sociais”, considerando o mercado da América Latina.
Dentre o material apresentado à Global Finance, das operações realizadas em 2023, vale destacar o financiamento para a Cogna Educação de R$ 500 milhões, em que uma das séries foi caracterizada como título social no volume de R$ 100 milhões.
Inédita no mercado brasileiro, a transação realizada em agosto do ano passado destinou recursos em gastos operacionais da companhia com cursos de ensino superior oferecidos em municípios pequenos, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano, em que a Cogna fosse a única instituição de ensino a oferecer determinado curso (também premiada como melhor operação social de 2023 pela Environmental Finance).
O BBI foi o coordenador exclusivo da emissão. “Temos muito orgulho desse trabalho”, diz Andrade. “Ele gerou grande impacto social, especialmente em termos de inclusão educacional.”
No âmbito global, o Bradesco BBI ergueu o troféu na categoria “Títulos Vinculados à Transição/Sustentabilidade”
Vale mencionar também a oferta de debêntures da Aegea, concessionária que presta serviços de água e esgoto. A operação levantou R$ 5,5 bilhões em julho de 2023.
Na ocasião, a Aegea emitiu debêntures de sua subsidiária Águas do Rio, que destinou os recursos para projetos de saneamento no Rio de Janeiro. Nesse caso, o BBI atuou como coordenador.
Andrade cita ainda a emissão, em dezembro de 2023, de um Sustainability-Linked Bond (SLB), como são chamados os instrumentos de dívida vinculados a metas sustentáveis, da empresa de data centers Elea Digital.
O Bradesco BBI foi o coordenador líder da operação de R$ 570 milhões, que, afinal, tem forte viés ESG: a Elea se comprometeu a cumprir metas relacionadas à eficiência do uso de água e ao aumento da diversidade em cargos de liderança da empresa.
Não é de hoje que o banco enxerga na pauta ESG um caminho para gerar negócios e, no aspecto mais amplo, mudar a própria sociedade.
No início de 2022, o banco formalizou uma célula dedicada exclusivamente à temática ESG. Desde então, o núcleo vem adotando uma série de medidas para espalhar o conceito não apenas dentro do banco, mas também no universo corporativo brasileiro.
“Realizamos diversas lives e eventos que têm um lado educacional muito importante”, afirma Andrade. “Nesses encontros, compartilhamos estudos de caso, explicamos o que são títulos ESG, os impactos que eles geram, entre muitos outros insights.”
O executivo prossegue. “O segundo passo é estimular um olhar específico para o meu cliente”, diz ele. “Não existe uma solução padronizada. Embora dentro de um mesmo setor eu possa ter soluções muito próximas, os clientes não estão necessariamente vivenciando o mesmo estágio de maturidade nesse tema.”
O mercado ESG vem passando por transformações. Ter apenas uma rotulagem ESG em uma oferta não é mais suficiente – a empresa precisa demonstrar que, verdadeiramente, está comprometida com essa agenda. “Cada vez mais o investidor vai mergulhar nas práticas da companhia”, diz Andrade.
Outra tendência é o que o mercado chama de blended finance, como são chamadas as operações que combinam diversas fontes de recursos financeiros, como públicos, privados e filantrópicos.
O Bradesco está preparado para a nova era. O banco já alcançou 86% de sua meta de mobilizar R$ 250 bilhões em finanças sustentáveis até 2025.
Ressalte-se ainda que o Bradesco foi o primeiro banco brasileiro a aderir ao programa Net-Zero, comprometendo-se a eliminar as emissões de carbono de suas carteiras de crédito e investimentos até 2050.