Poucos mercados são tão promissores quanto o de carros movidos a eletricidade. Um estudo realizado pela EIA (Energy Information Administration), a agência de planejamento energético dos Estados Unidos, estima que, até 2050, a frota de veículos leves movidos a eletricidade corresponderá a 30% dos carros em circulação. Atualmente, o índice não chega a 1%.
Mas não são apenas as montadoras que permanecem atentas a esse movimento. Por mais surpreendente que possa parecer, o Itaú Unibanco está preparado para dar imensa contribuição para que o segmento acelere no País. O banco pretende lançar um serviço inédito no mercado brasileiro: o compartilhamento de carros elétricos, que já está em fase de testes com colaboradores.
Chamado simplesmente de “Vec Itaú” (sigla para veículo elétrico compartilhado), o projeto segue a mesma lógica do já consagrado serviço de compartilhamento de bicicletas. O motorista vai retirar o carro elétrico em uma estação e poderá devolvê-lo em outra, pagando pelo período utilizado, que pode ser em minutos ou horas. A ideia é oferecer também opções de pacotes para o uso do veículo em jornadas mais longas, como nos finais de semana.
Entre os automóveis à disposição dos motoristas estarão modelos premium como o Jaguar i-Pace e o BMW i3, além de outros mais acessíveis, como o JAC iEV40. As tarifas ainda não foram definidas. Em fase piloto, o Vec Itaú está sendo testado por cerca de 800 colaboradores do banco.
“O propósito do projeto é acelerar a eletrificação do setor automotivo no Brasil”, diz Paulo André Domingos, superintendente de produtos digitais do Itaú Unibanco. “A ideia é chegar a todos os públicos, clientes ou não clientes do banco, com diversas faixas de valor.”
O compartilhamento de carros elétricos é mais uma das diversas soluções de mobilidade desenvolvidas pelo Itaú nos últimos anos. O banco quer ser cada vez mais reconhecido como um protagonista da área. E os últimos meses têm sido agitados para a divisão de veículos do Itaú.
“O propósito do projeto é acelerar a eletrificação do setor automotivo no Brasil”, diz Paulo André Domingos, superintendente de produtos digitais do Itaú Unibanco
Em outubro do ano passado, o banco lançou, em parceria com a ConectCar, a Tag Itaú, solução de pagamento automático de pedágios e estacionamentos sem mensalidade. Isenta de mensalidade para os clientes do banco, a Tag Itaú é aceita em 100% dos pedágios e em mais de 1 mil estacionamentos em diversas regiões do país, incluindo shoppings, aeroportos, hospitais e parques.
“A Tag Itaú é um bom exemplo de como criamos soluções de mobilidade para o cliente de forma integrada com o nosso ecossistema de negócios”, ressalta Domingos. O Itaú e a Porto Seguro são os principais acionistas da ConectCar, o que abre um imenso campo de possibilidades para projetos futuros no segmento de veículos.
De fato, o banco tem se associado a empresas especializadas para acelerar as atividades relacionadas a veículos. O Vec é fruto de parceria com a startup de mobilidade Ucorp, que funciona como operadora logística do projeto e fornecedora da tecnologia – a abertura e fechamento da porta do veículo, por exemplo, são feitas pelo celular.
O mesmo modelo foi adotado no sistema Bike Itaú, criado há 11 anos pelo banco e que, desde então, proporcionou mais de 24 milhões de viagens pelo modelo de compartilhamento de bicicletas. O Bike Itaú é operado pela startup Tembici.
“O Itaú não se propõe a ser um operador de car ou bike sharing”, diz o executivo. “O que nós queremos é estimular um ecossistema colaborativo que tem a missão final de promover soluções eficientes na área de mobilidade.”
O ecossistema de veículos do Itaú atua em várias frentes. Uma das mais abrangentes é o iCarros, marketplace que traz diversas soluções para a cadeia automotiva
O ecossistema de veículos do Itaú atua em várias frentes. Uma das mais abrangentes é o iCarros, marketplace que traz diversas soluções para a cadeia automotiva, como ferramentas que auxiliam na compra e venda de automóveis, simulação e aprovação de crédito e cotação de seguros, entre outros serviços.
O iCarros se tornou uma das referências do mercado brasileiro de veículos. Com 25 milhões de acessos mensais, conta atualmente com 10 milhões de usuários únicos mensais e 4,1 milhões de seguidores nas redes sociais. Todas as áreas de negócios estão ou estarão conectadas. O veículo elétrico que será compartilhado no sistema Vec poderá, mais tarde, ser vendido no iCarros, potencializando assim as receitas geradas pela iniciativa.
O Itaú também tem forte presença nas áreas tradicionais, como consórcio, financiamento e seguro de veículos. Em um ano repleto de obstáculos para o setor automotivo, o banco apresentou resultados recordes na área de financiamento.
No terceiro trimestre de 2021, liberou R$ 10 bilhões para pessoas físicas e jurídicas financiarem veículos, o maior patamar da série histórica do banco. De janeiro a setembro, o total de crédito somou R$ 24,8 bilhões – um crescimento de 67% em relação ao mesmo período de 2020.
Domingos lembra que a divisão de financiamento contou com uma novidade lançada no final do ano passado: a possibilidade de contratação do crédito de maneira 100% digital, sem intervenção humana.
O executivo destaca que o portfólio de produtos e serviços do Itaú na área de veículos passa também pela criação de soluções digitais para concessionárias e revendas. Entre elas, foi desenvolvida uma plataforma digital mais simples para que o concessionário possa oferecer crédito aos clientes.
Boa parte dos projetos citados acima é resultado da transformação digital do Itaú Unibanco, processo que ganhou velocidade nos últimos anos. Ele está centrado na metodologia ágil, que consiste, de maneira geral, na definição de prioridades estratégicas, criação de times multidisciplinares (squads) e ciclos curtos de entrega de soluções para os clientes.
“Passamos a olhar mais para a jornada do cliente e menos para o produto em si”, afirma Domingos. Com esse novo olhar, o Itaú tem conseguido revolucionar a mobilidade no Brasil.