Nos últimos anos, o brasileiro descobriu um novo jeito de realizar compras ou fazer transferências de valores. Segundo estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), atualmente 60% dos brasileiros possuem carteira digital em seus smartphones. Pouco tempo atrás, esse percentual não chegava a dois dígitos.
O avanço do pagamento por aproximação, sistema impulsionado pelas carteiras digitais, é um fenômeno notável no Brasil. Em 2021, o sistema movimentou R$ 198,9 bilhões em compras, o que representa um acréscimo de 384,6% sobre 2020, segundo dados Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
A entidade estima que, até o final de 2022, metade das transações presenciais será feita por meio dessa tecnologia. No futuro próximo, a participação certamente chegará perto dos 100%.
Boa parte do crescimento pode ser atribuída ao Itaú Unibanco, pioneiro no país em produtos desse tipo. Desde 2015, muito antes de o mercado embarcar na onda, o Itaú passou a oferecer aos seus clientes a opção de cartão virtual.
As carteiras digitais, conhecidas no setor como digital wallets, vieram pouco depois, em 2017, também muito antes de a indústria olhar com atenção para o segmento.
Com o passar do tempo, os meios de pagamentos digitais foram ganhando a aderência do público. Basta observar os números do Itaú para notar o movimento. No primeiro trimestre de 2022, o valor transacionado pelos pagamentos por aproximação cresceu 375% em comparação com o mesmo período de 2021.
O cálculo inclui carteiras digitais como Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay, além do pagamento com o cartão físico usando a tecnologia NFC (comunicação de campo próximo, na sigla em inglês). Não é só.
O número de transações realizadas com cartões virtuais do Itaú Unibanco cresceu 300%, em 2022, comparado com o mesmo período de 2021, sendo que o faturamento gerado pela modalidade avançou 190%. Detalhe: em 2021, os clientes do Itaú geraram duas vezes mais cartões virtuais em comparação com 2020.
O número de transações realizadas com cartões virtuais do Itaú Unibanco cresceu 300%, em 2022, comparado com o mesmo período de 2021
“A adoção de soluções de pagamentos digitais ocorre numa velocidade muito alta, mas ainda há muito espaço para crescimento”, afirma Guilhermo Bressane, diretor de marketing do Itaú.
De fato, um estudo encomendado pelo banco detectou que os sistemas digitais não são adotados de maneira mais ampla por uma simples razão. “Para nossa surpresa, o fato de muitas pessoas não usarem os cartões e wallets digitais se deve menos à dificuldade de lidar com a tecnologia e mais a uma questão de hábito", diz Bressane.
Ou seja: o brasileiro que não é adepto das ferramentas digitais ignora a modalidade apenas porque não está acostumado a fazer isso. Ele habituou-se com o velho modelo de plástico e segue em frente com a sua rotina.
“As pessoas usam o cartão de plástico e se sentem confortáveis dessa maneira, não há nenhum tipo de fricção”, diz Rubens Fogli, diretor de cartões do Itaú. “Mas nós queremos mostrar para elas que existem opções melhores.”
Para isso, o banco lançou recentemente uma ampla campanha publicitária – que inclui inserções na TV aberta, mídia exterior, ambiente digital e cinema, entre outras – para estimular o uso de meios de pagamentos digitais.
“O objetivo da campanha é mudar comportamentos”, reforça Bressane. “Assim como antes todos nós tínhamos o hábito de pagar em dinheiro e passamos a usar o cartão, o que propomos agora é trocar o plástico pelos pagamentos digitais.”
O Itaú tem lugar de fala nessa indústria. O banco lidera o mercado de cartões de crédito no Brasil, com 38,2 milhões de unidades, além de responder por 30% do volume de transações processadas.
O Itaú lidera o mercado de cartões de crédito no Brasil, com 38,2 milhões de unidades, além de responder por 30% do volume de transações processadas
Rubens Fogli elenca as razões que deveriam convencer o consumidor a trocar os plásticos pelo mundo digital. “Ele precisa considerar dois fatores principais: conveniência e segurança”, diz o executivo.
No primeiro aspecto, de fato, é muito mais fácil, rápido e cômodo usar as novas tecnologias. Para emitir um cartão desse tipo e realizar uma compra pontual no e-commerce, bastam poucos cliques na tela do smartphone e o número é gerado.
A comodidade é um aspecto a se destacar também nos cartões recorrentes, modalidade de cartão digital para o pagamento de serviços contínuos, como assinaturas de canais de streaming, academias de ginástica ou operadoras de TV, entre outros.
No segundo ponto, os executivos destacam a questão da segurança. O cartão virtual é temporário – seu número expira em até 48 horas –, o que impede que seja usado para outros fins. Nesse caso, os dados dos clientes ficam menos expostos e existem camadas extras de autenticação
“Não queremos mudar o comportamento do cliente porque o digital é legal e bonitinho”, brinca Fogli. “Na verdade, pretendemos demonstrar que se trata de um sistema muito mais eficiente e seguro.”
A campanha publicitária aborda diversos aspectos da vida cotidiana das pessoas. Um exemplo: perder a carteira não será mais motivo de desespero, porque tudo o que a pessoa precisa – inclusive seus cartões e carteiras digitais – está embarcado no smartphone.
“Vai chegar uma hora em que ninguém mais vai usar carteira”, projeta Bressane. No fundo, é apenas uma questão de hábito. Quando os clientes perceberem as vantagens dos meios de pagamento digitais, dificilmente voltarão atrás.