As expectativas da Ibiuna Investimentos para o mercado internacional seguem pouco otimistas, com riscos associados às políticas econômicas de Donald Trump. Para a gestora, a volatilidade dos últimos dias deve se tornar uma constante nesse novo cenário, mesmo com os Estados Unidos fechando acordos comerciais.

“A incerteza sobre a magnitude, a abrangência e o cronograma de implementação do programa de novas tarifas americanas, além de seu impacto sobre cadeias produtivas, tende a gerar ainda mais volatilidade”, afirma a carta mensal gestora, entre as maiores independentes, com R$ 16 bilhões em investimentos,

A Ibiuna espera que essas tarifas tenham efeitos inflacionários sobre a economia dos EUA, reduzindo o espaço para cortes de juros pelo Federal Reserve. O cenário é agravado pelo crescimento acima do potencial e pela taxa de desemprego abaixo do equilíbrio.

“As tarifas devem ser mais um obstáculo para o Fed cortar juros”, afirma a gestora. “Mas também para o crescimento dos Estados Unidos no médio prazo e, especialmente, para seus parceiros comerciais. Por outro lado, os países afetados devem enfrentar menor perspectiva de crescimento, gerando pressões por acomodação na política monetária.”

Nesse contexto, a gestora reforçou apostas em posições defensivas, privilegiando ativos que se beneficiam de um dólar forte e da menor sincronia entre as políticas monetárias dos EUA e de outras economias desenvolvidas e emergentes.

Alta do Ibovespa não é duradoura

A alta de 4,9% do Ibovespa em janeiro, que marcou o melhor mês da bolsa brasileira desde agosto de 2024, reflete esse alívio internacional. Mas, para a Ibiuna, o movimento não é sustentável, pois não ocorreram mudanças nos fundamentos do mercado local.

“O alívio observado em janeiro não deve se mostrar duradouro. Vemos o movimento como reflexo do cenário global, somado a um calendário sazonalmente mais favorável. A preocupação com a ausência de uma resposta consistente para o equacionamento de uma dívida pública em trajetória explosiva permanece”, destaca a gestora.

Além da questão fiscal, dois outros fatores de risco emergem: a desaceleração da economia brasileira diante da alta de juros e – principalmente – o risco de o governo adotar uma postura contracíclica para manter a economia aquecida, o que poderia gerar danos adicionais às contas públicas.

“Essa desaceleração é crucial para recolocar a inflação em trajetória de convergência à meta, mas será suficiente para interromper o ciclo de deterioração consistente das expectativas de inflação?”, questiona a Ibiuna. “Até termos maior clareza, seguimos com posições defensivas nos ativos do país.”