O colapso do Silicon Valley Bank (SVB), no início de março deste ano, continua no centro de debates acalorados. Há o temor de uma extensão do caso, dos seus desdobramentos e do potencial de contágio para o sistema bancário.
Longe de um consenso, essa discussão vem atraindo o interesse e as opiniões de diversas vozes relevantes no mercado. Entre elas, a de David Roche, fundador, presidente e estrategista global da Independent Strategy, consultoria com sede em Londres.
Investidor de longa data, ele é conhecido por ter previsto eventos como o fim do bloco soviético, a queda do Muro de Berlim, a crise asiática de 1997 e a grande crise de 2008. E, com esse currículo como referência, deu sua visão sobre o alcance da quebra do SVB.
Em entrevista à rede americana CNBC, ele observou que, em muitos setores relevantes da economia americana, os bancos menores respondem por mais de 50% dos empréstimos. A crise do SVB precipitou, porém, uma saída recorde de depósitos rumo aos grandes bancos de Wall Street. Nesse cenário, Roche projetou um maior aperto nas políticas de crédito e uma retração na economia.
“Particularmente, a economia real – coisas como serviços, hotelaria, construção e pequenas e médias empresas. E temos que lembrar que esses setores, típicos das pequenas cidades americanas, respondem por 35% a 40% dos negócios”, afirmou.
Na esteira desse contexto, Roche ressaltou que, juntamente com a série de medidas para combater os elevados níveis de inflação, os bancos centrais estão “tentando fazer duas coisas ao mesmo tempo”.
“Eles estão tentando manter a liquidez alta, para que os problemas de saque de depósitos e outros problemas de marcação a mercado de ativos nos bancos não causem mais crises, mais ameaças de risco sistêmico”, frisou.
“Ao mesmo tempo, eles estão tentando apertar a política monetária, então, de certa forma, você tem uma personalidade esquizofrênica em cada banco central, que está fazendo com a mão direita uma coisa e com a esquerda fazendo outra. coisa.”
Como consequência desse cenário, ele enxerga os temores do mercado contagiando os principais bancos que acabam sendo o destino desses ativos. Para ele, essas instituições serão mais cautelosas nos empréstimos, a fim de evitar os efeitos de uma crise sistêmica.