Em meio aos receios a respeito da saúde da economia dos Estados Unidos, os estrategistas do Goldman Sachs fizeram um duro alerta: a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 será a pior desde a pandemia.
Prevista para ser inaugurada em 14 de abril pelos principais bancos americanos, a temporada de resultados do primeiro trimestre deve mostrar um recuo médio de 7% do lucro por ação das empresas do S&P 500, na comparação com o mesmo período de 2022.
Se isso se confirmar, será a maior queda desde o terceiro trimestre de 2020, de acordo com relatório assinado pelos estrategistas Lily Calcagnini e David Kostin, obtido pela Bloomberg. “Caso as projeções dos analistas se realizem, este trimestre representará um dos pontos mais baixos dos resultados do S&P 500”, diz trecho.
A expectativa dos estrategistas do Goldman Sachs é de uma forte contração das margens das empresas, ofuscando a leve alta prevista na linha de receitas. À exceção dos setores de energia, indústria e consumo discricionário, a maioria deve ver uma contração média de 2 pontos percentuais de suas margens nos primeiros três meses do ano.
Um levantamento feito pela consultoria FactSet mostra que o pessimismo do Goldman Sachs em relação aos resultados do primeiro trimestre não é exagero. Segundo ele, de um total de 106 companhias que divulgaram guidances em relação ao lucro por ação até o momento, 78 delas reduziram suas expectativas para o desempenho.
O total de empresas que piorou suas expectativas é o maior desde o terceiro trimestre de 2019 e o quarto maior para um trimestre desde que a FactSet começou a fazer o levantamento, em 2006.
Olhando por setores, as áreas de tecnologia da informação e indústrias registraram os maiores números de guidances negativos em relação ao lucro por ação. Ambos respondem por mais da metade das 106 empresas do S&P 500 que anteciparam informações sobre o resultado esperado para os primeiros três meses deste ano.
Esta temporada de resultados será acompanhada de perto por analistas e investidores, que buscarão evidências e declarações nos balanços a respeito da saúde da economia americana, assim como informações de como a alta dos juros está afetando o desempenho financeiro.
Dados recentes mostram que a economia americana vem perdendo força. Na terça-feira, 4 de abril, foi divulgado que as encomendas às indústrias recuaram 0,7% em fevereiro ante janeiro.
No dia seguinte, foi divulgado que o PMI do setor de serviços recuou de 55,1 para 51,2 pontos entre fevereiro. O consenso de analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal apontava para uma queda menor, a 54,3 pontos.