A chegada da recessão na Europa, como a maioria dos economistas previa por conta do efeito da crise de energia causada pela guerra na Ucrânia iniciada há um ano, foi novamente adiada.

O motivo? A divulgação de indicadores de fevereiro do continente, mostrando que a atividade empresarial tanto na zona do euro como no Reino Unido cresceu mais rápido do que o esperado.

Se por um lado a recuperação econômica europeia, pelo menos por enquanto, espanta o fantasma da recessão, por outro reforça a certeza de novos aumentos da taxa de juros para combater a inflação – que embora venha caindo, deve seguir alta com a retomada econômica.

Os dados divulgados nesta terça-feira, 21 de fevereiro, pela S&P Global surpreenderam os economistas. O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro – que mede a atividade industrial e de serviços dos 20 países do bloco – subiu de 50,3 pontos em janeiro para 52,3 pontos, no período entre 10 e 17 de fevereiro.

Trata-se de uma marca acima de 50 pontos pelo segundo mês consecutivo – a previsão inicial para fevereiro era de 50,6 pontos. Uma leitura acima de 50 pontos do PMI aponta para uma expansão da atividade econômica, enquanto abaixo desse nível indica contração.

“A atividade empresarial na zona do euro cresceu mais rápido do que o esperado, atingindo uma alta de nove meses graças ao ressurgimento do setor de serviços e à recuperação da economia manufatureira”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, que divulgou os indicadores.

Os dados confirmam que a economia da zona do euro está evitando as consequências da invasão russa da Ucrânia, com um inverno ameno ajudando a reduzir o consumo de gás natural e o risco de escassez de energia.

Reino Unido na cola

A retomada do crescimento na zona do euro foi impulsionada pelo setor de serviços, principalmente o turismo e as atividades recreativas.

Por outro lado, os setores de uso intensivo de energia, como produtos químicos e plásticos, registraram pequena queda, mas na Alemanha, uma potência química, voltaram a crescer em fevereiro.

Também houve sinais de que a inflação mais baixa na zona do euro, que caiu por três meses desde que atingiu a alta de 10,6% em outubro e chegou a 8,5% em janeiro, está fornecendo algum alívio nos custos de insumos para a indústria.

Os dados reforçam a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) eleve a taxa de juros na zona do euro, hoje em 2,5%, para 3% em março. E siga projetando novos aumentos, caso a inflação mantenha-se longe da meta de 2%.

A atividade empresarial também está se recuperando acentuadamente no Reino Unido, onde o PMI da S&P Global/Cips UK subiu em fevereiro para 53 pontos, a maior alta em oito meses. Como em outras partes da Europa, o desemprego permaneceu baixo no Reino Unido.

Da mesma forma que na zona do euro, o Banco da Inglaterra – o BC britânico – deve manter o monitoramento da inflação, atrelando-a a possíveis aumentos dos juros. A inflação de janeiro fechou em 10,1% no país, com uma taxa de juros de 4%.