A carta aos cotistas da Dahlia Capital de outubro começa com uma citação da trilogia “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, e termina com a enigmática mudança da alocação global de capital nos próximos anos.
Para preencher esses “dois mundos”, a gestora de José Rocha, que detém R$ 2,6 bilhões sob gestão, fala sobre a Chimérica, o termo criado pelo historiador Niall Ferguson e o economista Moritz Schularick para descrever a relação simbiótica entre China e Estados Unidos, principalmente no campo econômico.
A gestora explica que o termo une a alta taxa de poupança chinesa e o excesso de consumo dos americanos que contribuíram para um período de alta criação de riqueza. Mas, para a gestão de recursos e alocação de capital, a Dahlia analisa a Chimérica como duas economias em conjunto.
E é essa interdependência entre as duas maiores economias globais que permitiu a ela antever a queda da inflação americana e a deflação na China.
A gestora projetou em um gráfico o diferencial de crescimento do PIB da China e dos Estados Unidos, juntamente com a performance relativa da bolsa de países emergentes versus o S&P 500. O resultado foi uma relação bem próxima entre as linhas do PIB das duas economias e das bolsas de valores.
O fundo multimercado Dahlia Global Allocation, por exemplo, que atua nos mercados de renda variável, moedas, juros e commodities com análise macro global e a busca por oportunidades micro assimétricas, acumula 16,1% de retorno no ano, até setembro, ante 8% do CDI.
A gestora explica o motivo da mudança de alocação de capital nos próximos anos: “o corte de juros nos Estados Unidos permite que outros bancos centrais pelo mundo cortem os juros também”.