Março não será um mês qualquer no calendário econômico. A segunda quinzena será pesada com decisões sobre juro e o posicionamento do governo sobre a política fiscal.

Mas os próximos dias poderão deslanchar em “ponto morto” com uma agenda mais fraca de indicadores e dedicação da Câmara dos Deputados à renovação de comissões permanentes já instaladas – ritual que marca, de fato, a abertura dos trabalhos no Congresso em 2024.

Adicionalmente, a pesquisa semanal monitorada pelo Banco Central (BC) registrou indicação mais favorável para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) que poderá expandir 1,77% neste ano, ante expectativa de 1,52% observada em dezembro.

Na quinta e na sexta-feira, 14 e 15 de março, o IBGE divulgará, respectivamente, o desempenho dos setores de varejo e serviços referentes a janeiro. A produção industrial, também do primeiro mês do ano, apresentada pelo IBGE na quarta-feira, 6 de março, caiu 1,6% no mês, mas subiu 3,6% em 12 meses. O resultado mensal era esperado e foi considerado pontual.

É arriscado afirmar que os próximos dados serão desanimadores ou que analistas vão jogar a toalha quanto à confecção de cenários mais positivos. Não é esse o sentimento observado no mercado, onde a expressão “viés de alta” para o PIB tornou-se constante.

Nesse sentido, a segunda quinzena deve trazer novidade quanto a projeções oficiais para a expansão do PIB. Por ora, o Ministério da Fazenda prevê 2,2%. O BC, que reduziu sua estimativa de 1,8% para 1,7% em dezembro, poderá elevar seu prognóstico no Relatório de Inflação a ser publicado em 28 de março. A dica é de Roberto Campos Neto que, no início de fevereiro, disse que o PIB de 2024 poderá crescer “pouco acima de 2%”.

O ajuste de projeções rumo a 2% está ocorrendo. Vista como exagero até pouco tempo atrás, a marca já perfila os dois maiores bancos norte-americanos em análises sobre o Brasil. O J.P. Morgan Chase e o Bank of America Merrill Lynch estão com a Fazenda e trabalham com taxa de crescimento de 2,2%.

Na linha de que dias melhores devem estar a caminho, a S&P Global atestou, na terça-feira, 5 de março, que a atividade prospera no Brasil, ao divulgar o Índice de Gerentes de Compra. O indicador composto para o País subiu de 53,2 para 55,1 pontos em fevereiro – no avanço mais rápido em 19 meses.

Em contraponto, índices de confiança monitorados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), também de fevereiro, subiram no telhado. De seis indicadores, quatro caíram: Confiança do Consumidor, Confiança Empresarial, Confiança do Comércio e Confiança de Serviços.

“O peso do endividamento ainda parece limitar a capacidade de consumo das famílias, especialmente em compras de alto valor. Enquanto os empresários se retraem sob a influência de previsões menos otimistas para a evolução da demanda nos próximos três meses”, observam os especialistas do Ibre.

A Confiança da Indústria ficou inalterada e a Confiança da Construção avançou, mas ainda está bem abaixo de 100 pontos – parâmetro de neutralidade. Contratado pelo BC, mais um corte da Selic ajuda a frear o retrocesso da confiança. Mas sob uma condição: chegar ao crédito.