“Duas coisas mais duradouras que os seres humanos podem deixar como herança: raízes e asas”. Esta é uma sabia citação de Carlo Musso no livro Esperança, a autobiografia do papa Francisco.
Aí está uma reflexão que todos os líderes deveriam usar como norte todos os dias. Fortalecer e valorizar as raízes das pessoas e, a partir da força delas, criar e incentivar as asas para que estas pessoas alcancem voos cada vez mais altos e longos.
Quando o mundo chacoalha, são as raízes que nos sustentam. Sem elas não aguentamos os trancos que nos chegam de todos os lados. Sem raízes fortes você se torna frágil, até mesmo uma simples fofoca te fragiliza. Por outro lado, raízes fortes te fazem imbatível, inatingível pelo balanço da vida.
Raízes não aparecem, por isso não são devidamente valorizadas e cultivadas. Pare para ler nas redes sociais, por exemplo. Quem fala de raízes? E nos treinamentos, nas avaliações, nos feedbacks? Mas é nelas que estão seus valores, seu caráter, sua força do bem e sua capacidade de crescer e ganhar asas.
Cultive as raízes através da gratidão, porque elas foram criadas pelos que passaram, seja nas comunidades, nas famílias ou nas corporações. A partir daí, sim, hora de ganhar asas e voar cada vez mais alto.
As asas aparecem, nos fazem mais belos, nos abrem portas e novos mundos. Como líder, crie asas e faça com que os outros brilhem. Líderes que dão asas são aqueles que realmente amam o sucesso dos outros, que abrem a champanhe para agradecer os saltos e virtudes alheios.
Claro que você deve abrir suas asas primeiro, mas seu amor-próprio deve ser para servir melhor, não para se vangloriar das suas pequenas e passageiras conquistas. Sabe aquela máxima de segurança, coloque sua máscara de oxigênio primeiro? Não é para se salvar na frente, é para poder estar pronto para ajudar os outros.
Existe uma frase maravilhosa de Ayn Rand: “Não se pode dizer ‘eu te amo sem antes dizer eu’”. Portanto, se amar é fundamental, mas o objetivo da frase é dar amor aos outros, a partir do seu amor-próprio, não é verdade?
Reflita internamente. Quantos pessoas ganharam asas passando pela sua vida? Quantas pessoas você ajudou a ser melhor do que você próprio? Quantas pessoas você surpreendeu com um gesto inesperado de gratidão e apoio? Para que serve suas asas se não dão sustentação a outros voos?
Que estas reflexões te tragam asas ainda mais fortes e voos cada vez mais altos, mas guarde aí uma frase perfeita de Francisco Luis Bernárdez: “Tudo que na árvore floresceu vive do que está enterrado”.
Viva as raízes! E aproveite as asas!
Leonel Andrade é mentor, palestrante e articulista do NeoFeed. Atuou por 40 anos no mundo corporativo, tendo sido por duas décadas CEO de empresas como Losango, Credicard, Smiles e CVC Corp. Foi também conselheiro de Vibra e Redecard, sempre reconhecido pela sua liderança, formação de times e desenvolvimento de executivos.