Somos os seres mais evoluídos da natureza. Nossa maravilhosa obra genética nos proporciona a solução de problemas, a evolução científica, a comunicação sofisticada e, como resultado de tudo isso, a nossa capacidade de cooperação e adaptabilidade.

Nós sobrevivemos e prosperamos. Isso nos diferencia de todas as outras espécies. Somos os únicos que conseguem se adequar ao ambiente, fazendo com que consigamos viver em qualquer região do planeta, mesmo em condições climáticas muito adversas.

Desde épocas mais remotas, o nosso diferencial foi a capacidade de cooperação. Saíamos para caçar juntos, enquanto outros membros da comunidade cuidavam dos jovens e dos doentes. Estamos aqui por mérito, aprendemos a fazer juntos e nos tornamos mais e mais sociais e colaborativos.

Essa cooperação foi essencial há milhares de anos e continua a ser essencial atualmente. Convivemos e nos conhecemos, colaboramos e trabalhamos em conjunto, e aprendemos a confiar e a ser confiáveis. Vale para família, vale para a tribo, vale para os times e vale para a sua equipe de trabalho.

A base de tudo vem da confiança e esta nasce da convivência. Nossos maiores vínculos nascem do cafezinho, dos almoços e dos corredores. Nessas horas é que surgem as identificações, os gostos se afunilam, descobrimos hábitos em comum e os corações se abrem. É por isso que as organizações investem cada vez mais em espaços de convivência, em eventos de lazer e em atividades externas.

Sua empresa acha que o futuro está no home office? Os eventos corporativos vão acabar, uma vez que descobrimos os grandes encontros virtuais? Acreditar nisso é mais ou menos a mesma coisa que crer que as festas de aniversário via Zoom ou que as viagens virtuais vieram para ficar.

Se você está liderando um time ou planejando o futuro dos negócios, claro que é sua obrigação pensar em eficiência operacional, em redução de custos e melhoria de logística. Mas tenha muito cuidado para não lutar contra a natureza humana. Uma coisa é estar em casa para se proteger de uma pandemia, outra é achar que o ser humano vai esquecer milhões de anos de cooperação e convivência social apenas para que seu negócio seja mais eficiente. Esqueça!

Claro que há certas vantagens no home office e nas interações virtuais, muitas aliás. Mas beba com moderação. Seu cérebro, seu fígado e o seu coração não aguentam uma overdose. E trabalhando remotamente, cada um no seu quadrado, o seu time não vai aprender a maior vantagem competitiva que existe: a confiança que nasce da convivência e do bem querer. Mais uma vez o segredo está no equilíbrio.

Sua empresa acha que o futuro está no home office? Acreditar nisso é mais ou menos a mesma coisa que crer que as festas de aniversário via Zoom vieram para ficar

É fundamental ter influências externas, mas elas são mesmo quase inexistentes no mundo virtual. Lembre-se que nem cócegas você consegue fazer em você mesmo. Mas calma, já vai passar e em breve vai rolar aquele abraço. Use este tempo para refletir sobre a convivência, quem sabe o respeito e a camaradagem ganham novos significados?

E quem sabe este acúmulo de energia afetiva vai nos fazer ainda mais fortes. Fiquemos com esta pérola de pensamento do escritor Albert Camus: “No meio do inverno aprendi, finalmente, que havia em mim um verão invencível.”

(Nos próximos 30 dias, a coluna Humanamente Possível não será atualizada)

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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