Quando faleceu, em 2018, aos 65 anos, Paul Allen deixou um legado que inclui, entre outros negócios, o Seattle Seahawks, time da NFL, o Portland Trail Blazers, franquia da NBA, e o Vulcan Capital, fundo que investiu, inclusive, em empresas brasileiras como Loft, Neon e Nelogica.

A joia da coroa nesse pacote, no entanto, é a Microsoft. Ao lado de Bill Gates, seu amigo dos tempos de colégio, ele fundou a companhia de software em 1975. Hoje, a empresa vale US$ 2 trilhões e, mesmo em um cenário mais difícil, segue figurando no topo dos ativos mais bem avaliados no mercado de capitais.

Agora, porém, os investidores terão acesso a outras peças, também valiosas, da coleção de Allen. A casa de leilões Christie’s revelou nesta semana que obteve os direitos para vender mais de 150 obras de arte do espólio do bilionário americano, em leilão que será realizado em novembro.

O anúncio foi acompanhado da estimativa de que a coleção, avaliada em mais de US$ 1 bilhão, seja a mais cara já vendida em toda a história. Atualmente, essa marca pertence ao acervo de Harry MackLowe, empresário do setor imobiliário, cujo leilão, no início deste ano, rendeu US$ 922 milhões.

A cifra vai reforçar ainda mais um mercado que, em 2021, movimentou US$ 65,1 bilhões de acordo dados de uma pesquisa do UBS. Em linha com outra faceta conhecida de Allen, a de filantropo, todos os recursos serão destinados à caridade.

“Essas obras significam muito para muitos e eu sei que a Christie’s irá assegurar uma destinação respeitosa para gerar um grande valor a iniciativas filantrópicas, de acordo com os desejos de Paul”, disse, em nota, Jody Allen, irmã e responsável pelo espólio do empresário.

CEO da Christie’s, Guillaume Cerutti acrescentou: “A figura inspiradora de Paul Allen, a extraordinária qualidade e diversidade das obras, e a dedicação de todos os lucros à filantropia criam uma combinação única que fará da venda da coleção um evento de magnitude sem precedentes.”

A casa está terminando de catalogar as 150 obras que serão ofertadas no leilão e que abrangem 500 anos de história da arte. Entre aquelas poucas já confirmadas estão “La Montagne Sainte-Victoire”, do pintor francês Paul Cézanne. A expectativa é de que ela seja vendida por mais de US$ 100 milhões.

La Montagne Sainte-Victoire”, do pintor francês Paul Cézanne

Levando-se em conta mostras já realizadas, a coleção de Allen conta ainda, por exemplo, com quadros Van Gogh, além de de grandes nomes do impressionismo, como Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir e Edgar Degas, entre outras obras.

Allen começou a compartilhar publicamente parte de sua coleção no fim da década de 1990, por meio de uma série de empréstimos anônimos a museus de todo o mundo. Nos Estados Unidos, parte do acervo foi exposta, por exemplo, em locais como o Portland Art Museum e o Seattle Art Museum.

As coleções de Allen não estavam restritas, no entanto, às obras de arte. Essa paixão se estendia a outras áreas e incluíam desde aviões de guerra até guitarras de Jimi Hendrix, passando por documentos históricos e pela fundação, no ano de 2000, do Experience Music Project, em Seattle, rebatizado posteriormente de Museu da Cultura Pop.