Um ano após desembarcar no Brasil, a Zeekr acelera suas operações no País, aproveitando o avanço da eletromobilidade e o crescimento das montadoras chinesas nas garagens dos brasileiros.
Mais jovem fabricante do portfólio da Geely - que inclui marcas como Volvo e Lotus -, a Zeekr está investindo em parcerias e ampliando sua rede de lojas para crescer no segmento de carros premium 100% elétricos.
“Estamos focados no cliente que faz uma compra racional, buscando segurança, potência, tecnologia e preço justo”, afirma Ronaldo Znidarsis, CEO da Zeekr no Brasil, ao NeoFeed. “Para quem busca um veículo como afirmação social, o Zeekr, neste momento, não é a escolha ideal.”
Uma das frentes do plano de expansão é a parceria com a Tupi Mobilidade, empresa brasileira que desenvolve softwares para gestão de carregadores de veículos elétricos, conectando motoristas a pontos de recarga.
O acordo prevê a criação do Zeekr Recharge, uma plataforma white label baseada na aplicação da Tupi — já utilizada pela BYD. Quem adquirir um carro da Zeekr terá acesso à rede de cerca de 2 mil carregadores sob gestão da Tupi, além de benefícios exclusivos, como bônus e tarifas diferenciadas em postos localizados nas concessionárias da marca.
Segundo Znidarsis, a parceria busca oferecer mais comodidade aos motoristas, permitindo o planejamento de viagens — algo essencial para se consolidar no segmento premium. “O cliente Zeekr geralmente tem casa de campo, casa de praia, e precisa dessa conveniência”, afirma Znidarsis.
A expansão da rede de lojas é outro pilar do crescimento. Atualmente com dez unidades, a empresa pretende chegar a 12 até o fim do ano, possivelmente em Belo Horizonte e Goiânia.
Nos próximos três anos, a Zeekr projeta alcançar 25 lojas, mantendo uma rede enxuta, como outras marcas premium, com presença em regiões de alto poder aquisitivo e demanda por veículos elétricos sofisticados.
“O modelo da Porsche faz sentido para nós. No Brasil, a marca tem 14 lojas em 20 anos. A Zeekr não é Porsche, mas também não será uma General Motors, com 400 concessionárias”, diz o CEO da montadora.
A proposta de valor também difere da Porsche. A Zeekr busca oferecer desempenho e conforto equivalentes aos dos concorrentes, com mais tecnologia e custo 30% a 40% menor.
O Zeekr 001, um dos três modelos vendidos no Brasil, tem 400 kW de potência (544 cavalos) e mais de 420 quilômetros de autonomia, com preço médio de R$ 410,1 mil no modelo de entrada, segundo a Tabela Fipe. Um Porsche Taycan elétrico da mesma categoria parte de R$ 846,2 mil.
“Temos toda a sofisticação dos carros premium com tecnologia. Nossos carros possuem microprocessadores utilizados na Fórmula 1, Nosso sistema Adas [conjunto de softwares que auxiliam os motoristas em tarefas de condução e estacionamento] é muito mais avançado que o da concorrência”, afirma Znidarsis.
Segundo ele, essa tese de sofisticação com preço justo vem mostrando aderência junto ao público. Znidarsis cita um recorte feito a partir dos dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que mostra a montadora ocupa a terceira posição no mercado de veículos premium 100% elétricos com um market share acumulado em 2024 de 8%.
No ranking geral, incluindo montadoras voltadas ao público em geral, a Zeekr está em décimo lugar nas vendas de carros 100% elétricos entre janeiro e setembro, com 442 unidades vendidas — à frente de Porsche, Mercedes-Benz e Audi.
A empresa está atrás da irmã Volvo, líder no ranking, mas Znidarsis afirma que não há estratégia para evitar concorrência. “Na Geely, não existe posicionamento de marca. As marcas são criadas e ‘vão à guerra’”, diz ele.
Os avanços no Brasil devem impulsionar a operação global. Já no primeiro ano, a Zeekr Brasil alcançou a oitava posição entre os 45 países em que a empresa atua, considerando volume de vendas. Em quatro anos de existência, a marca já vendeu 500 mil unidades no mundo.
Com novos modelos e a consolidação da rede de concessionárias, Znidarsis acredita que o Brasil pode disputar a sexta posição global e contribuir para o crescimento da marca.
“O Brasil é o sexto maior mercado automotivo do mundo. Pensando como marca global, não há como ter presença mundial sem estar no Brasil”, conclui.