LONDRES – Em leilão da Sotheby’s de Londres, o lance inicial de uma camiseta branca com o logotipo do Superman é de £ 10 mil libras (cerca de R$ 62 mil ). Isso porque a peça saiu do guarda-roupa de Freddie Mercury (1946-1991) e é idêntica à camiseta regata que o líder do Queen usou nos shows em São Paulo, em março de 1981, no Estádio do Morumbi, entre outros.

Essa e outras vestimentas estão entre os 30 mil pertences que podem ser apreciados pelos fãs até terça, dia 5, quando o cantor, pianista e compositor britânico completaria 77 anos.

Os objetos estão divididos em 1,5 mil lotes, incluindo fotografias de acervo familiar, instrumentos musicais, joias, rascunhos de letras de música, discos de ouro e platina, livros, móveis, jogos, louças e obras de arte (como objetos decorativos japoneses e uma tela de Picasso).

Passear pelas 15 galerias da Sotheby’s, que exploram diferentes aspectos da vida de Mercury, virou um dos programas mais disputados em Londres no último mês. O NeoFeed visitou a exposição, com entrada gratuita, que costuma gerar filas de vários quarteirões, a partir da entrada, localizada na New Bond Street.

Desde o dia 4 de agosto, mais de 100 mil pessoas já visitaram o universo do artista, na exposição intitulada “Freddie Mercury - A World of His Own (Um Mundo Próprio)”, que ocupa 1,5 mil metros quadrados da casa de leilão.

A partir desta quarta, dia 6, toda a coleção, relacionada tanto à sua imagem pública quanto à sua intimidade, começa a ser leiloada (presencialmente e também online).

“Esta é a peça central da coleção”, disse ao NeoFeed David MacDonald, diretor sênior da Sotheby’s, apontando para um piano de cauda preto Yamaha. Foi nele que Mercury compôs grandes hits do Queen, como “Bohemian Rhapsody”, em 1975.

O piano Yamaha é o grande destaque do leilão com venda estimada em £ 3 milhões

“Se pudéssemos perguntar ao cantor qual o seu item preferido, aposto que ele responderia ser o piano. Ninguém tinha permissão para encostar nele e muito menos tocar música nele”, completa o diretor, revelando que o instrumento deverá ser vendido por £ 3 milhões.

Toda a coleção pertence à amiga do cantor, Mary Austin. Ela herdou a sua casa em Kensington, em Londres, chamada Garden Lodge, e todo o seu conteúdo, revelado agora para o leilão.

A Garden Lodge foi a última residência de Mercury, que morou lá desde os anos 80 até a sua morte, em 1991, aos 45 anos, devido a complicações decorrentes da Aids.

Filas na exposição: mais de 100 mil pessoas visitaram o acervo (Foto: Elaine Guerini)

“Freddie era um dos nossos clientes, por ser um grande colecionador. Mas ele nunca vinha pessoalmente para evitar ser visto gastando dinheiro, caso fosse adquirir uma obra de arte valiosa. Ele enviava seus amigos, principalmente Mary”, contou MacDonald.

Faz parte do leilão a coleção de gatos de Mercury, com os objetos feitos de vários materiais (madeira, cerâmica, metal e vidro).

Além de um lote com oito gatos pretos (lance inicial de £ 1,6 mil), há um lote de fotografias tiradas na casa, nos anos 80, com 265 imagens, muitas delas do cantor abraçado com seus felinos (com valor estimado entre £ 5 mil e £ 7 mil).

“Como Freddie tinha uma enorme paixão por gatos, ele os deixava fazer o que queriam na casa. Até arruinar os móveis”, afirmou MacDonald, rindo.

Ele mostra estante e sofás arranhados pelos animais de estimação, sobretudo Miko e Delilah, seus gatos preferidos. “É a primeira vez que leiloamos mercadorias avariadas”, brincou ele.

Ao final do leilão, calcula-se que o valor total arrecadado será de £ 6 milhões. Entre os itens à venda também está um rascunho (até então nunca mostrado) de uma página da letra de “Killer Queen”.

Freddie Mercury no show do Morumbi (1981) (reprodução)

Em papel timbrado da gravadora Electra Records (com quem a banda teve contrato nos EUA), a letra escrita a mão, em 1974, deve render entre £ 50 mil e £ 70 mil, segundo especialistas.

Ainda será leiloado o seu pente para bigode de prata da Tiffany & Co., que já passou 50 vezes do seu valor na loja, de cerca de £ 500. Seu lance inicial é de £ 26 mil.

“Mas não acredito que Freddie, de fato, penteasse o seu bigode, o que soa um pouco pretensioso. Deve ter sido um presente. Algo que ele encarou como brincadeira, tirando do bolso, de vez em quando, para fazer os outros rirem”, disse MacDonald.