Em julho de 2021, Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, afirmou que, naquele momento, começava um novo capítulo na trajetória de sua empresa. Era o momento da transição em que as pessoas deixariam de ver o negócio como “de redes sociais” para uma companhia do “metaverso”.

Desde então, não se falou de outro assunto. Até livros começaram a ser publicados sobre o tema. O mais recente no Brasil é o de Matthew Ball, A revolução do metaverso – Como o mundo virtual mudará para sempre a realidade, da Globo Livros, que chega às livrarias no final deste mês.

A obra do CEO da Epyllion, uma holding com inúmeros negócios entre eles a gestão de fundos de venture capital, já é considerada nos EUA como “clássico instantâneo”.

O texto defende que a construção do metaverso tem direcionado as plataformas políticas de vários governos, com ênfase nos EUA, na União Europeia e na China. Ninguém quer ficar para trás ou ser pego desprevenido.

Os dicionários definem a expressão como um tipo de mundo virtual que tenta replicar ou simular a realidade por meio de dispositivos digitais. Pode ser entendido também como espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de "realidade virtual" com "realidade aumentada" e "Internet".

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livro Metaverso" width="190" height="190" /> O autor Matthew Ball (Foto: Gabor Jurina/divulgação)

Metaverso é, enfim, o sucessor da Internet, um mundo virtual 3D que Ball define como “persistente, em formato de rede de experiências e dispositivos interligados, ferramentas e infraestruturas, muito além da mera realidade virtual, que vai revolucionar todos os setores em poucos anos”.

Ele observa que a internet não estará apenas dentro de um celular ou de um computador. Ela envolverá a vida das pessoas de tal modo que abrangerá o trabalho e o lazer, em uma reformulação radical da sociedade. Afetará das finanças à maneira de cuidar e tratar a saúde, aos meios de pagamentos, aos produtos de consumo etc. Essa “próxima internet” atingirá ainda as relações econômicas, interpessoais, geopolíticas, amorosas, entre outras.

Exagero? De modo algum

A síntese de tudo isso, claro, pode ser exemplificada com os quatro filmes da revolucionária série de cinema Matrix, sem o regime opressor que comanda a trama – a saga não é tratada por Ball no seu estudo, mas serve aqui de visão mais palpável do que vem por aí.

O autor promove um tour pelo futuro quase presente do metaverso a partir da ideia de que todos os dias cada vez mais pessoas estão conectadas em uma rede crescente de mundos virtuais 3D, que acabará por se tornar a porta de entrada para diversas experiências em espaços físicos e online,

Para ele, muitos protótipos do metaverso já estão entre nós, como Fortnite, Minecraft e Roblox. Mas, o fato de ser uma novidade para boa parte do mundo corporativo levanta os enormes desafios a serem enfrentados. Principalmente a compreensão com maior clareza do que é esse metaverso – o que seu livro ajuda bastante.

Para facilitar o entendimento, o autor investiga o papel da Web3, das blockchains e dos NFT (tokens não fungíveis) e prevê vencedores e perdedores no metaverso, ao mesmo tempo em que examina suas possibilidades quase ilimitadas em todas as áreas do conhecimento.

Zuckerberg afirmou em outubro de 2021, quando anunciou oficialmente que o Facebook mudaria seu nome para Meta, que seus investimentos nessa nova “realidade” em desenvolvimento reduziriam os lucros efetivos do grupo em mais de US$ 10 bilhões somente em 2021. E que a necessidade de novos aportes cresceriam por muitos anos ainda.

A Meta não estava sozinha nessa corrida. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, começou a falar de um “metaverso empresarial” liderado por sua corporação em maio de 2021. Nesse mesmo mês, Jensen Huang, CEO e fundador da gigante de computação e semicondutores Nvidia, disse a investidores que “a economia no metaverso… [será] maior que a economia no mundo físico” e que as plataformas e os processadores da Nvidia estariam no centro dela sem dúvida.

Não por acaso, essa nova corrida tecnológica acendeu o alerta no Partido Comunista Chinês (PCC). Pouco depois de a Tencent ter revelado publicamente sua visão da realidade hiperdigital, o PCC começou seu maior ataque à indústria doméstica de jogos. Entre as várias novas políticas instauradas de controle estava a proibição de videogames – de última geração – para menores de idade entre segunda e quinta-feira.

As preocupações do partido foram motivadas pelo papel crescente do conteúdo e das plataformas de jogos na vida pública. Tal medida drástica revela que os chineses estão atentos à nova era da revolução digital que se aproxima: o metaverso.

Ball diz que é possível afirmar que para uma nova geração que lidará com o metaverso desde cedo, o mundo de novidades será uma extensão psicológica perfeitamente natural de tudo o que esse indivíduo já conheceu. Para os restantes, aqueles que, em breve, precisarão de recuperar o atraso, “o livro de Matthew Ball é o melhor curso intensivo disponível”, como observou o The Times. É ler para não perder o trem da história. Em todos os sentidos.

livro a revolução do metaversoSERVIÇO
A revolução do metaverso, Matthew Ball
Globo Livros
360 páginas
Impresso: R$ 64,90
E-book: R$ 44,90