Frente ao ataque do grupo extremista Hamas a Israel, representantes do círculo das altas finanças e negócios globais estão pressionando algumas das mais importantes instituições de ensino dos Estados Unidos pelo fracasso na condenação de supostas posturas antissemitas.

No lance mais recente desse movimento, o bilionário Marc Rowan, CEO da empresa de private equity Apollo Global Management, pede a destituição das lideranças da Universidade da Pensilvânia, também conhecida como UPenn.

Em carta ao jornal estudantil “Jewish Insider”, como ex-aluno e presidente do conselho consultivo da Wharton School, a escola de negócios da universidade, o executivo escreve: “Apelo a todos os ex-alunos e apoiadores da UPenn, que acreditam que estamos indo na direção errada, para ‘fechar seus talões de cheques’ até que a presidente [Elizabeth] Magill e o presidente [Scott] Bok renunciem”.

Dono de uma fortuna estimada em US$ 6 bilhões, Rowan é um dos principais financiadores da instituição. Em 2018, ele a mulher Carolyn doaram US$ 50 milhões a Wharton School. “É hora de os curadores começarem a levar a UPenn em uma nova direção. Junte-se a mim e a muitos outros que amam a UPenn, enviando à universidade US$ 1 no lugar de sua contribuição discricionária normal, para que ninguém perca o foco”, encerrando assim sua carta.

Com US$ 617 bilhões em ativos sob gestão, o CEO da Apollo já manifestara seu desagrado com os gestores da universidade, cerca de um mês atrás, por causa do festival literário “Palestine Writes”, realizado no campus da UPenn.

Na ocasião, ele foi um dos signatários de um abaixo-assinado condenando a participação no evento de “muitos oradores (...) que têm um histórico de retórica, ações e hostilidades antissemitas para com o povo judeu”.

Sem revelar nomes, Rowan conta, no manifesto de agora, que “um orador defendeu a limpeza étnica e a reunião de todos os judeus de Israel em ‘cantões’; outro defendeu a necessidade e a propriedade da violência substancial; e numerosos participantes repetiram vários libelos de sangue contra os judeus, a quem se referiam como ‘colonos europeus’, apesar de sua presença de 3 mil anos em Israel. Foi uma prévia tragicamente presciente dos acontecimentos horríveis que ocorreram apenas duas semanas depois”.

Em comunicado de 12 de setembro, Elizabeth, Bok e John Jackson, reitor da UPenn, dizem condenar “inequívoca e enfaticamente” o antissemitismo. “Como universidade, também apoiamos veementemente a livre troca de ideia como algo central para nossa missão educacional. Isto inclui expressão de pontos de vista controversos e mesmo incompatíveis com os nossos valores institucionais”, lê-se no documento.

Para Rowan, não é suficiente. Em vista do terror instaurado no conflito entre Israel e o Hamas, ele defende que Elizabeth não só fracassou em condenar o apelo `cheio de ódio à limpeza étnica” como normalizou e legitimou a violência.

Antes do presidente-executivo da Apollo, outro titã de Wall Street já adotara atitude semelhante. Em postagem de 10 de outubro no X (antigo Twitter), o também bilionário Bill Ackman, fundador da gestora de fundos hedge Pershing Square Capital Management, pediu à Universidade Harvard que revelasse o nome dos integrantes das cerca de 30 organizações estudantis, responsáveis por um manifesto no qual definem Israel como “inteiramente responsável por toda a violência” pelo terror imposto à região pelo Hamas.

“Vários CEOs me perguntaram se @harvard divulgaria uma lista dos membros de cada uma das organizações (...) de modo a garantir que nenhum de nós contrate inadvertidamente qualquer um dos seus membros”, escreve Ackman.

O executivo respondia a uma postagem original de Ian Bremmer, cientista político e fundador da consultoria Eurasia Group, dois dias antes. “Não consigo imaginar quem gostaria de se identificar com tal grupo. Pais de Harvard: conversem com seus filhos sobre isso”, afirma o executivo.