Largue as armas e ponha as mãos para cima. É preciso se render ao fato de que o Fortnite roubou a cena do entretenimento nesta pandemia do novo coronavírus.

O game de batalha entre usuários, cuja única missão é sobreviver, impôs bandeira branca a seus jogadores por uma boa causa: exibir megashows e apresentações de artistas do calibre de Travis Scott e Diplo.

Com uma base de usuário maior do que toda a população brasileira (o game de tiro tem 250 milhões de jogadores, contra 209 milhões cidadãos no país), o título movimentou US$ 1,8 bilhão em 2019. 

Desenvolvido pela Epic Games em 2017, o jogo atraiu celebridades e lançou anônimos ao estrelato. Dezenas de usuários habilidosos têm arrebatado uma grande audiência transmitindo ao vivo seus movimentos e estratégias na ilha virtual em que a única missão é eliminar outros jogadores.

Em 2018, um dos jogadores mais famosos da plataforma, conhecido como Tyler "Ninja" Blevins, que tem 23,3 milhões de assinante em seu canal do YouTube, levou ao ar uma disputa ao lado dos rappers Drake, Travis Scott e do jogador de futebol americano JuJu Smith-Schuster.

Na época, 630 mil pessoas acompanharam cada movimento do grupo, quebrando recorde de audiência no Twitch, plataforma de streaming conhecida entre gamers, que pertence à Amazon.

Mas em tempos de coronavírus, com shows e festivais cancelados mundo afora, muitos artistas tiveram de abrir mãos das megaproduções para apresentações, literalmente, caseiras.

No Brasil e nos EUA, bandas e cantores se voltaram para as lives no YouTube, Instagram e Facebook a fim de garantir o contato com os fãs – e com as marcas, que patrocinam esse tipo de experimento.

Um cometa que se chocou contra a ilha Fortnite, contudo, chacoalhou o eixo do entretenimento. Da explosão emergiu um avatar gigantesco do rapper Travis Scott e cerca de 12,3 milhões de gamers testemunharam suas armas desaparecem para que pudessem curtir, ao lado uns dos outros, a apresentação psicodélica do músico. 

https://www.youtube.com/watch?v=zZpowQlrNt8&t=221s

Para fins de comparação, o clássico programa "Monday Night Football", da ESPN, que transmite um jogo de futebol americano na segunda-feira à noite, teve uma audiência média de 12,6 milhões de pessoas ao longo de 2019. 

Mais do que um show pontual, Travis Scott organizou uma turnê no metauniverso do game, com direito a lançamento de música inédita. Foram cinco apresentações entre os dias 23 e 25 de abril, que somaram quase 30 milhões de usuários acompanhando tudo ao vivo. 

"Sinceramente, hoje foi um dos dias mais inspiradores. Amo cada um de vocês", postou o cantor em seu Twitter ao fim da primeira apresentação, que durou 10 minutos, em 23 de abril. 

Essa não foi a primeira vez que um grande nome da indústria fonográfica explorou o Fortnite. Em 2019, o DJ Marshmello liderou as picapes virtuais do jogo, embalando quase 10 milhões de jogadores.

Na época, porém, muitos dos usuários que se logaram justamente para curtir a experiência tiveram seus avatares "assassinados" por outros players. Por isso, as apresentações recentes são livre de violência.

A aceitação dessa nova proposta foi tão surpreendente que a Epic Game lançou, na última quarta-feira, 29 de abril, uma nova área no universo Fortnite. É a Party Royale. 

Sediada em uma pequena ilha livre de armas e construções, os avatares que chegam ali podem apenas curtir o momento com os amigos. 

Para agitar a nova área de socialização, o DJ e produtor Diplo, conhecido pelas faixas "Big Lost" e "Light It Up", também deu seu show ao vivo.

Mais de 10 milhões de usuários acompanharam a experiência que foi montada como um festival, com o DJ performando no palco principal. Antes e depois da apresentação, o ator Jordan Fisher também fez uma aparição para interagir com os gamers. 

A Epic Games ainda não revelou se o número de usuários e a receita cresceram por conta das atrações musicais, mas uma pesquisa comandada pela agência SuperData indica que o Fortnite movimentou US$ 223 milhões apenas em março. 

Segundo a Microsoft e a Sony, donas das plataformas Xbox e Playstation, respectivamente, o jogo é, atualmente, o de maior bilheteria nos consoles, tornando-o o primeiro game gratuito a alcançar essa pole position, que já teve Call of Duty (vendido por US$ 60) na liderança. 

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