Em meio ao processo de reorganização das operações de metais básicos, que inclui a possibilidade da venda de uma fatia minoritária, a Vale obteve no terceiro trimestre resultados positivos na unidade que produz níquel e cobre. Para os analistas, o desempenho pode ajudar a companhia no processo de monetização da divisão.

A mineradora divulgou na segunda-feira à noite, dia 18 de outubro, que a produção de níquel cresceu 51,5% em relação ao segundo trimestre, para 52 mil toneladas. Em relação ao mesmo período de 2021, o avanço foi de 71,5%. O cobre registrou uma produção total de 74,3 mil toneladas, alta de 33% em base trimestral e 7,4% na comparação anual. 

A Vale atribuiu o resultado na parte de níquel à retomada das refinarias após período de manutenção e a conclusão da reforma de um dos fornos. No caso do cobre, a empresa citou o retorno da parada de manutenção em Sossego, no Pará, no primeiro semestre, a melhoria do desempenho da planta de Salobo, também no Pará, e a recuperação das operações do Atlântico Norte.

O bom desempenho vem no momento em que a Vale estuda o destino da área de metais básicos, que sempre foi ofuscada pela divisão de minério de ferro. No ano passado, ela foi responsável por 85% da receita total da mineradora, de US$ 54,5 bilhões. 

Segundo informações publicadas pelo jornal britânico Financial Times no começo deste mês, a Vale contratou assessores financeiros para vender uma fatia minoritária no negócio de metais básicos, em transação que pode alcançar US$ 2,5 bilhões. 

Na ocasião, a empresa confirmou a contratação de assessores financeiros e informou que avalia alternativas para destravar valor no negócio a longo prazo. Mas destacou que nenhuma decisão foi tomada. 

A divisão de metais básicos está começando a se beneficiar do interesse cada vez maior pela agenda de transição energética pelo mundo, pelo seu uso em equipamentos centrais para o combate ao aquecimento global. 

A demanda por níquel, essencial para veículos elétricos, deve crescer 55% até 2030, para 6,2 milhões de toneladas por ano, de acordo com projeções divulgadas pela Vale em encontro com investidores, no começo de setembro. No caso do cobre, utilizado em carros elétricos, painéis solares e turbinas eólicas, a demanda está prevista para expandir 23,3%, a 37 milhões de toneladas por ano. 

Por isso, a companhia busca alternativas para competir neste mercado e destravar valor da parte de metais básicos. E os resultados obtidos no terceiro trimestre mostram as boas perspectivas operacionais e financeiras da divisão, depois de um segundo trimestre marcado por baixos volumes de venda, queda dos preços do cobre no mercado global e elevação dos custos de produção.

“A recuperação em metais básicos parece ser um importante ponto de virada para uma divisão que vem lutando nos últimos trimestres para entregar a produção, e parece estar próxima de um evento de monetização”, diz trecho do relatório dos analistas Andre Vidal e Helena Kelm, da XP Investimentos. 

Segundo a analista Mary Silva, do BB Investimentos, com os resultados do terceiro trimestre, a expectativa é de que a Vale consiga cumprir com seus objetivos para o restante do ano. A empresa espera fechar o ano com produção de cobre entre 270 mil e 285 mil toneladas e entre 175 mil e 190 mil toneladas para o níquel. 

No médio prazo, período de 2014 a 2026, a Vale espera que a produção de níquel fique entre 230 mil e 245 mil toneladas por ano. Para o cobre, a projeção vai de 390 mil toneladas a 420 mil toneladas por ano. 

“Conforme adiantado pela Vale no evento com analistas e investidores, houve uma significativa retomada das operações de metais básicos ao longo do terceiro trimestre, que deverão assegurar a entrega do novo guidance de produção para este ano, além de uma série de iniciativas em andamento para o retorno das operações ao ritmo esperado”, diz trecho do relatório. 

Por volta das 13h16, as ações da Vale subiam 0,75%, a R$ 71,20. No ano, elas acumulam queda de 0,2%, levando o valor de mercado a R$ 326,8 bilhões.