Existe um caminho conhecido por toda asset no mercado de fundos: alcance retornos consistentes, conquiste o pequeno investidor e só depois almeje os institucionais. A Finacap, gestora localizada em Pernambuco, fez um percurso diferente e “pulou” a segunda etapa.
Embora o fundo de ações Mauritsstad esteja disponível no BTG Pactual (sob demanda), Guide, Toro, Nova Futura e Terra Investimentos, 24 investidores institucionais, entre fundos de pensão e RPPS (Regime Próprio de Previdência Social), concentram mais de 60% do patrimônio líquido de R$ 328,2 milhões desse FIA.
“Apesar do track record e do tamanho dos fundos, ainda falta conhecimento sobre a casa”, diz Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap. “Para o investidor profissional, é um processo menos complexo e mais fácil de enxergar as virtudes de uma asset.”
Distante do eixo Rio-São Paulo, a gestora pernambucana tem atacado as duas frentes nos últimos anos. Curiosamente, o sucesso com os institucionais veio primeiro, mesmo tendo de cumprir uma série de processos mais longos. Para fundos de pensão, por exemplo, há uma seleção de gestoras que dura 12 meses, onde se analisa desde a gestão de risco, o alinhamento dos sócios até a alocação e o retorno da estratégia.
“Dos cinco fundos de pensão que investem conosco, não tem nenhum de Pernambuco. Há diversidade geográfica”, diz Araújo. “Por outro lado, a dinâmica da indústria é o grande problema ao dar foco na performance de curto prazo.”
Com R$ 1,4 bilhão sob gestão, os fundos de ações e multimercado da Finacap têm rentabilidade acima do benchmark, mas nem por isso estão no topo dos rankings mensais. É essa visibilidade que Araújo afirma ser importante para entrar na carteira do pequeno investidor.
O Finacap Mauritsstad FIA está com rentabilidade de 12,1% no ano, um ganho de 4,5% sobre o Ibovespa. Desde o início, em 2003, o retorno acumulado é de 1.214% ante 457%. É um retorno consistente de 18% ao ano, mas que ficam diluídos em rankings de curto prazo.
“Esse fundo tem um capacity de R$ 1 bilhão, muito por conta do tamanho do mercado”, diz Araújo. “Neste momento do ciclo, por conta das assimetrias, temos mais blue chips na carteira.”
A Finacap segue a escola tradicional do value investing. As maiores exposições setoriais neste momento estão em energia elétrica, bancos, mineração e óleo e gás, que concentram 42,8% do capital alocado.
Para controle de risco, um papel não pode ultrapassar o máximo de 15% de exposição. Nesse momento, as 15 empresas têm, em média, entre 5% e 7% do total investido.
Fazem parte da carteira neste momento blue chips como Petrobras, Vale, Gerdau e Itaú. “O Ibovespa está barato, então, ‘coincidentemente’ eu sigo o Ibovespa barato”, diz o CEO da Finacap. “Eu, particularmente, nunca vi um Itaú com ROE [retorno sobre o patrimônio] na casa de 20% com esse desconto. Retornamos com força total.”
No segundo semestre do ano passado, a Finacap havia adotado uma posição defensiva pelo risco político das eleições e a posição de caixa do FIA ultrapassou os 10%. Neste momento, o caixa está na faixa de 8%. É um pouco acima dos 5% que deixam Araújo confiante de que a estratégia está bem alocada.