Em 1988, Jim Simons já tinha 50 anos quando decidiu levar seus conhecimentos de PhD em matemática para Wall Street. Ele fundou a Renaissance Technologies e, desde então, construiu uma reputação de lenda no mercado financeiro, além de uma fortuna estimada em US$ 28,8 bilhões.
Na equação para que o matemático chegasse a essa conta bancária, a gestora de fundos de hedge combinou dois elementos: retornos anuais médios de 40%, livres de taxas, e uma postura low profile, em que seus métodos quantitativos são guardados a sete chaves, por meio de acordos de confidencialidade com os clientes.
Hoje, aos 85 anos, Simons está distante do dia a dia da Renaissance. Mas a gestora segue reforçando a fama de um dos fundos mais rentáveis da história. E um dos segredos para o alcance e a manutenção desse status está ligado – literalmente – à máxima de que o “dinheiro nunca dorme”.
É o que mostra uma entrevista recente concedida por Peter Brown, o CEO da gestora, ao podcast Goldman Sachs Exchange. Na conversa, o matemático, PhD em ciência da computação e comandante da operação desde 2003 afirmou que passou nada mais nada menos do que duas mil noites no escritório da empresa, em Long Island.
“O trabalho é tão exigente e eu não vejo como poderia fazê-lo de outra forma”, disse Brown, ao apresentador Raj Mahajan. Ele observou, no entanto, que não se arrepende das horas perdidas de sono e explicou outro fator por trás dessa prática.
“Minha esposa trabalha em Washington. E minha experiência diz que, quando um marido e uma esposa trabalham em cidades diferentes, o marido se desloca. E, psicologicamente, se vou ficar longe da minha família, tenho que trabalhar.”
Nessa escolha, Brown divide sua agenda entre o trabalho, em Long Island, e três dias em casa. E, apesar de ressaltar a saudade da família e a rotina desgastante, ele destacou que enxerga vantagens nesse processo.
“Em termos de produtividade, é realmente fantástico poder passar quase 80 horas seguidas por semana, sem interrupções”, disse. “A liberdade de me concentrar ininterruptamente no trabalho enquanto estou cercado pelos meus colegas é extremamente valiosa.”
O CEO da Renaissance também pontuou que, à parte da rotina profissional, também costuma dormir muito pouco. E que suas madrugadas na gestora são acompanhadas, em muitas ocasiões, em trocas de ligações e e-mails, às “duas da manhã”.
Em um exemplo de que esse hábito não é algo restrito ao gestor, ele contou que, em uma dessas oportunidades, pegou o telefone para tirar uma dúvida com um de seus pares, quando foi interrompido por outro colega.
Ele foi aconselhado a desistir, pois o profissional do outro lado da linha não ganhava o suficiente para receber uma ligação “no meio da noite”. “Então, eu disse: Tudo bem. Que tal isso? Vou ligar pra ele e dizer que vamos lhe dar um aumento. E, então, faço a nossa pergunta. E foi o que fizemos.”