As ações da Prio, uma das principais junior oils do mercado brasileiro, passaram todo o pregão de sexta-feira, 14 de março, em movimento de alta. No fechamento da B3, o papel registrou valorização de 7,8% - uma das maiores do dia. O otimismo do setor financeiro não estava apenas no lucro informado no balanço de 2024, mas, principalmente, nas perspectivas de crescimento a partir de novas perfurações para extração de óleo e gás natural.

A avenida de oportunidade surgiu a partir da licença de perfuração para o campo de Wahoo, em área de pré-sal, no Espírito Santo, obtida no dia 28 de fevereiro. No início dessa semana, a sonda já começou o trabalho na área.

Com essa autorização concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a empresa já poderá iniciar o trabalho de prospecção e, agora, aguarda a licença de operação.

É justamente por esse campo que a Prio projeta a maturação da comercialização direta de gás, que ela anunciou em 2 de janeiro.  Com essa operação, a empresa deve alcançar a marca de 1 milhão de m³/dia e vai poder oferecer a diversas companhias, e não mais apenas para a Petrobras.

“Iniciamos a campanha de perfuração e acredita na possibilidade da retirada do primeiro óleo de Wahoo ainda em 2025. Com isso, vamos produzir muito mais petróleo e crescer de volume neste ano”, disse Roberto Monteiro, CEO da Prio, na call de resultados.

A companhia fechou 2024 com receita total de US$ 2,4 bilhões, o que significa uma queda de 8% sobre o mesmo período do ano anterior. Problemas operacionais em algumas plataformas ao longo do ano provocaram essa redução.

O lucro, no entanto, foi na outra direção: alta de 60% sobre 2023 para US$ 1,7 bilhão, motivado em parte pela ativação de créditos fiscais a partir da transferência das operações da Dommo Energia.

O resultado já contempla a entrada do campo de Peregrino, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro, que em dezembro teve concluída a aquisição de 40% do ativo. Para isso, a empresa pagou US$ 1,19 bilhão à chinesa Sinochem. A transação garante um aumento de 40% na produção diária da Prio, com mais 36 mil de barris por dia.

A nova régua das aquisições

O presidente-executivo da empresa não descarta novas aquisições em 2025. Só que a régua é alta. “Vamos pensar com bastante calma sobre as oportunidades de negócios que surgirem. Mas não desviar o foco para algo que possa significar pouco capital e muita dor de cabeça. Tem quer ser ativo por volta de US$ 2 bilhões. Ou mais”, diz Monteiro.

“No passado, já procuramos ativos em torno de US$ 500 milhões. Hoje, eles não trazem o retorno que esperamos. Há bons horizontes no Brasil e estamos de olho. Mas, se não acontecer em 2025, não temos desespero em agregar um monte de operações pequenas”, afirma ele. “Não podemos perder foco nem eficiência.”

Ele descarta, no entanto, qualquer possibilidade de a Prio buscar mercado no Golfo do México. “Temos apenas uma curiosidade sobre aquele local, mas, para isso, seria necessário que existisse um projeto com retorno adequado. Hoje isso não está na pauta e seguimos olhando para o Brasil. Golfo do México pode acontecer no futuro, mas não imagino que seja perto.”

Até por causa do volume de recursos aportado na compra de parte do campo de Peregrino, a alavancagem da empresa cresceu. E saiu de um índice de 0,5 vez a dívida líquida em relação ao Ebtida, no terceiro trimestre de 2024, para 1,2 vez, ao fim do exercício.

Para o CEO, uma movimentação esperada e que não causa preocupação. “Esse ativo já entrou trazendo Ebtida para a empresa, e essa dívida é totalmente controlável. Sempre depois de M&As temos aumento de dívida líquida e depois conseguimos desalavancar.”

Um dado importante que, segundo o executivo, confirma a solidez financeira da empresa, é que a empresa terminou 2024 com um caixa de US$ 646 milhões. “Esse resultado já é depois do pagamento do campo de Peregrino.” E a empresa reportou R$ 164 milhões para o programa de recompra de ações.

No acumulado dos últimos 12 meses, a ação PRIO3 acumula desvalorização de 9,62%. Em 2025, o papel tem baixa de 3,6%. O valor de mercado da junior oil é de R$ 35,2 bilhões.