As ações da Puma dispararam cerca de 18% na bolsa de Frankfurt na manhã de segunda-feira, 25 de agosto, após a informação de que a família Pinault, por meio da holding Artemis, estaria avaliando a venda de sua participação de aproximadamente 29% na fabricante alemã de artigos esportivos.

De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, a família francesa já contratou assessores para discutir alternativas estratégicas e sondou potenciais interessados no ativo. Nem a Puma nem a Artemis comentaram oficialmente o assunto até o momento.

A Artemis é hoje a maior acionista individual da Puma. Os demais investidores relevantes detêm fatias bem menores, geralmente abaixo de 6% cada.

O movimento ocorre em meio ao aumento do endividamento da Artemis para diversificação do negócio e a perda de valor expressiva da Puma. Desde novembro, a companhia acumula desvalorização de 57%, refletindo a desaceleração nas vendas globais e o aumento da concorrência com gigantes do setor.

A empresa ocupa hoje a terceira posição global, atrás de Nike e Adidas, mas à frente de players como Under Armour e Skechers.

A holding da família Pinault controla a Kering, dona de marcas como Gucci, Balenciaga e Saint Laurent. Nos últimos anos, a dependência da Gucci se tornou uma vulnerabilidade, em um momento em que a grife perdeu fôlego comercial e as margens foram pressionadas.

A diversificação com ativos como a Puma foi vista como forma de reduzir esse risco, mas o desempenho fraco da marca esportiva colocou ainda mais pressão sobre o balanço

Segundo a Reuters, a holding insiste que não enfrenta problemas de liquidez. Ainda assim, analistas apontam que a eventual saída da família Pinault do capital da Puma poderia representar um reposicionamento estratégico relevante, seja pela abertura a novos controladores ou pela possibilidade de uma reorganização no mercado global de marcas esportivas.

Queda de vendas e projeção de perdas

No segundo trimestre de 2025, a Puma reportou uma queda de 2% nas vendas em moeda constante, para € 1,94 bilhão, e um prejuízo operacional de € 98 milhões, impactado por custos de reestruturação.

O desempenho foi pressionado por fraqueza nos mercados dos Estados Unidos, China e Europa, compensada parcialmente pelo crescimento de dois dígitos na América Latina e pela expansão de 19% no comércio eletrônico. O resultado líquido ficou negativo em € 247 milhões, revertendo lucro de € 42 milhões no mesmo período do ano anterior.

No resultado do último trimestre, a companhia também revisou para baixo suas projeções para 2025, passando a prever queda de vendas de dois dígitos e Ebit negativo.

Na bolsa de Frankfurt, a ação acumula queda de 41,8% em 12 meses. O valor de mercado da marca esportiva é de € 3,2 bilhões.