Boston - O auditório do hall B do Harvard Science Center, um dos palcos do primeiro dia da Brazil Conference 2025 estava abarrotado. Em sua maioria, de estudantes brasileiros, de Harvard e afins, ávidos por ouvir uma das apresentações mais esperadas – e já tradicionais – nessa agenda.

Desta vez, porém, Jorge Paulo Lemann, figura carimbada em todas as edições do evento que acontece desde 2015, estava acompanhado. Ele dividiu o palco – e trocou elogios – com Brad Jacobs, empresário americano à frente de companhias como QXO, XPO, Inc. e RXO Inc, e autor do livro “How to make a few billion dollars” (Como ganhar alguns bilhões de dólares, em tradução livre).

Os desafios de escalar e gerir negócios, bem como os conselhos para quem quer empreender - e se tornar um bilionário -, dominaram, claro, boa parte da apresentação. Mas era inevitável que a dupla falasse do principal assunto do momento no mundo: as políticas de Donald Trump.

“Eu acredito em chacoalhar as coisas. Mas acho que ele está mexendo demais na minha opinião”, disse Lemann. “Ninguém sabe no que vai resultar. Então, temos que navegar entre esse caos. Pode ter um resultado ok, mas também pode ser disruptivo. Temos que esperar para saber.”

Ainda em relação à pergunta, feita pela deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), Lemann reforçou que segue acreditando nos Estados Unidos e na sua filosofia. “Acho que vai dar certo de alguma forma. Mas ninguém sabe quanto tempo essa incerteza vai durar. E o que pode acontecer com essa incerteza.”

Na mesma linha, Jacobs destacou a imprevisibilidade trazida por esse cenário, ao observar que tal contexto pode trazer resultados muito bons e outros péssimos. E que algumas pessoas gostam do que Trump está fazendo, ao levar à frente seu lema “make America great again” - faça a América grande novamente.

Mas fez uma ressalva: “Alguns acham que ele está errado e outros que ele está certo”, disse Jacobs. “Mas o método é violento, desrespeitoso e isso pode resultar num karma ruim. Mesmo a guerra comercial é assimétrica. É impossível os Estados Unidos não ganharem, mas haverá sofrimento.”

Jacobs trouxe, porém, uma outra ótica para a discussão ao falar sobre como a volatilidade atual pode ser encarada como uma oportunidade pelos empresários. Especialmente no que diz respeito às possibilidades de aquisições nesse momento.

“A volatilidade pode ser sua amiga, porque é um preço que não é real. Eu estou me dedicando muito a M&As neste momento”, disse. “Se você quer apostar e investir, pode comprar ações e empresas muito mais baratas que meses atrás. Agora, quem não gosta de volatilidade, vai passar por maus bocados.”