Mark Zuckerberg é definitivamente um homem que segue tendências. Quando viu que o futuro das redes sociais estava em plataformas voltadas para imagens, tratou de comprar o Instagram. Na onda do metaverso, mudou até mesmo o nome da empresa para apostar nessa frente. Agora, o executivo, enquanto tenta arrumar a casa, está de olho na inteligência artificial (IA).

Em postagem feita no Facebook na segunda-feira, 27 de fevereiro, Zuckerberg revelou parte dos planos que a Meta tem para explorar a produção de conteúdo com inteligência artificial. “No longo prazo, vamos nos concentrar no desenvolvimento de personas de IA”, escreveu. O plano é adicionar ferramentas com essa tecnologia em serviços como WhatsApp, Messenger e no Instagram.

O fundador e CEO da Meta também informou que a companhia está criando “um grupo de produtos de alto nível focado em IA”. Para isso, houve a seleção de um grupo de funcionários de diferentes equipes que trabalham com inteligência artificial generativa para formar um time dedicado a este objetivo. “No curto prazo vamos nos concentrar na construção de ferramentas criativas e expressivas”, escreveu.

A Meta é a mais nova gigante a se mostrar interessada nesse mercado. Depois da Microsoft, que fez um investimento multibilionário na OpenAI, a desenvolvedora do ChatGPT; e o Google, que lançou nas últimas semanas o Bard, a sua própria ferramenta de IA, agora parece ter chegado a vez da big tech de Menlo Park curtir esse mercado.

Coincidentemente, o pronunciamento de Zuckerberg foi feito no mesmo dia em que a Snap, a controlada da rede social Snapchat, informou que está criando um chatbot munido com a tecnologia do ChatGPT. A ferramenta, chamada My AI, estará disponível para assinantes da rede social e servirá para sugerir ideias para os usuários que vão desde sugestões para presentes de aniversário até a publicação de poemas.

Reorganização 

O que chama a atenção é que a postagem de Zuckerberg não conta com qualquer referência ao termo “metaverso”, foco da empresa nos últimos anos. Em 2022, a companhia desembolsou US$ 13,7 bilhões com sua aposta em mundos virtuais. Esse gasto já está sendo considerado excessivo por alguns investidores da empresa.

Assim, a aposta em IA pode ser mais do que qualquer outra coisa uma tentativa da companhia aumentar suas frentes de lucro – uma vez que o metaverso ainda parece distante disso. Também afetada pela crise no mercado de tecnologia, a Meta dispensou 11 mil pessoas em novembro e afirmou que em 2023 focaria esforços para que este fosse “um ano de eficiência”.

A Meta está realizando uma reorganização estrutural no Facebook para fazer com que a operação da rede social fique mais enxuta e nos mesmos moldes do Instagram. Na prática, isso deve significar uma nova rodada de demissões na companhia e que pode afetar entre 5% e 10% dos empregados, segundo informou o Business Insider com fontes familiarizadas com o assunto.

Deixar o trabalho no Facebook mais semelhante ao realizado no Instagram significa a adoção de um modelo mais vertical em que equipes se reportam para um executivo de alto escalão. No Facebook, por sua vez, tudo passa por uma série de intermediários. De acordo com uma ex-funcionária da companhia, a rede social tem “gerentes demais”, o que torna o fluxo de trabalho na companhia, por vezes, burocrático.

Ainda não se sabe quais as áreas do Facebook, que sozinho concentra 40 mil funcionários – o dobro do Instagram, para efeito de comparação –, serão mais afetadas pelos cortes. Em outros números o Facebook tem cerca de 2,9 bilhões de usuários, enquanto o Instagram conta com 1,9 bilhão de usuários ativos mensais.