Depois do rapper Ye, outrora conhecido como Kanye West, ter causado uma tremenda dor de cabeça (financeira) à Adidas no começo deste ano por conta de diversas declarações públicas antissemitas, a companhia está conseguindo gerir a crise.
Após ter estimado um prejuízo operacional de € 700 milhões (US$ 775,6 milhões) para 2023, temendo a impossibilidade de reduzir o estoque de Yeezy, linha de tênis criada em parceria com o rapper, a companhia de roupas esportivas alemã melhorou o guidance para o acumulado do ano nesta segunda-feira, dia 24 de julho.
A Adidas passou a projetar uma perda de € 450 milhões (US$ 498,6 milhões), depois de ver que a demanda por Yeezys não foi prejudicada pelas falas de Ye.
Em maio, a Adidas anunciou que começaria a vender alguns Yeezys remanescentes ao fim do mês pela internet, destinando parte dos recursos para organizações não-governamentais que atuam no combate ao racismo. Foram colocados à venda modelos existentes e alguns novos previstos para estrear em 2023.
O resultado foi uma elevada demanda por parte dos aficionados e colecionadores de tênis. Fontes ouvidas pelo jornal Financial Times (FT) afirmaram que a demanda superou as expectativas mais otimistas da Adidas.
Segundo a publicação, a companhia recebeu encomendas por 4 milhões de pares, totalizando € 508 milhões (US$ 563 milhões). A procura foi tamanha que a empresa não conseguiu atender todos os pedidos, segundo a reportagem do FT. No comunicado em que anuncia o guidance, a Adidas não entrou em detalhes.
A situação representa um alento para a Adidas, que temia que as falas antissemitas de Ye pudessem afastar o público da marca Yeezy, linha que tinha bastante força dentro da companhia. Em 2022, as vendas dos tênis feitos em colaboração com o rapper totalizaram € 1,7 bilhão em receita (US$ 1,9 bilhão) e quase € 700 milhões (US$ 775,6 milhões) em lucro operacional.
As previsões iniciais eram bastante negativas. A Adidas também estimava um impacto negativo de € 1,2 bilhão (US$ 1,3 bilhão) na receita de 2023 caso não conseguisse vender o estoque de Yeezy.
Além dos problemas provocados por Ye, a Adidas estava também pessimista com suas próprias operações, depois de a receita ter crescido apenas 1% em 2022, desconsiderando os efeitos cambiais.
Com o mercado mostrando sinais de retomada, ainda que fraca, a Adidas melhorou as projeções para a receita em 2023. Após estimar uma queda de “um dígito alto” da receita em 2023 em relação a 2022, o que pode ser entendido como uma contração na faixa de 6% a 9%, a empresa espera agora um declínio perto de “um dígito médio”, algo em torno de 5%.
As ações da Adidas fecharam o pregão de hoje com alta de 1,22%, a € 147,80. No ano, elas acumulam alta de 36,1%, levando o valor de mercado a € 31,2 bilhões.