Prestes a completar, em dezembro, dois anos da tentativa malsucedida de compra da Figma, num acordo avaliado, na época, em US$ 20 bilhões, a americana Adobe está voltando a movimentar sua esteira de M&As.

A companhia de software anunciou nesta quarta-feira, 19 de novembro, a aquisição da Semrush, plataforma americana de marketing digital que ajuda empresas a medir e a gerenciar a visibilidade e o alcance de suas marcas em ambientes online. E que atende clientes como Amazon e TikTok.

Nos termos do acordo, a Adobe vai pagar US$ 12 por ação da Semrush, como parte de um desembolso total de US$ 1,9 bilhão. A expectativa é de que a transação seja concluída no primeiro semestre de 2026.

Em linha com um roteiro que vem sendo trilhado por boa parte das empresas, a aquisição tem como principal racional a busca da Adobe, mais conhecida por softwares como Photoshop e Illustrator, a se posicionar diante das mudanças e impactos gerados pela inteligência artificial (IA).

“A visibilidade da marca está sendo remodelada pela IA generativa e as marcas que não abraçarem essa nova oportunidade correm o risco de perder relevância e receita”, afirmou, em nota, Anil Chakravarthy, presidente dos negócios de Digital Experience da Adobe.

CEO da Semrush, Bill Wagner, por sua vez, complementou: “Com o advento dos LLMs (grandes modelos de linguagem) e da busca orientada por IA, as marcas precisam entender onde e como seus clientes estão interagindo nesses novos canais.”

Nesse contexto, a Adobe ressalta que a incorporação da Semrush vai permitir que seus clientes tenham acesso a uma “compreensão holística” das suas marcas em canais como serviços de buscas tradicionais e, principalmente, aqueles baseados em IA, como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google.

Fundada em 2008 e com capital aberto na Bolsa de Nova York desde 2021, a Semrush vem investindo justamente para reforçar o seu portfólio com recursos de inteligência artificial generativa, especialmente no campo desses novos mecanismos de busca.

À parte desse discurso, a companhia vem sofrendo uma pressão crescente por parte dos investidores justamente para que a companhia ganhe fôlego, de fato, a partir da inteligência artificial. Como resultado, as ações da Adobe registram queda de mais de 20% em 2025.

Em setembro, no entanto, ao divulgar o balanço do terceiro trimestre, a empresa elevou, pela segunda vez em 2025, suas projeções de receita e lucro por ação para o ano fiscal consolidado. E ressaltou que seus investimentos em IA estavam começando a gerar resultados.

O anúncio de hoje não parece, porém, ter agradado aos investidores. Ao menos da Adobe. As ações da companhia recuavam 1,43% na Nasdaq, cotadas a US$ 319,82, por volta das 10h15 (horário local). A empresa está avaliada em US$ 135,6 bilhões.

No sentido inverso, os papéis da Semrusch registravam alta de 74,64% na Bolsa de Nova York, cotados a US$ 11,80, dando à companhia um valor de mercado de US$ 1,76 bilhão.