Em meio à escassez e ao encolhimento da indústria de fundos, um novo player está conseguindo crescer na contramão do mercado: a Investo. Enquanto o mercado sofreu resgates de R$ 28,3 bilhões, a gestora de ETFs captou R$ 555 milhões no primeiro trimestre, alcançando R$ 2,2 bilhões sob gestão. Nos últimos seis meses, o volume captado superou R$ 1 bilhão – tudo de forma orgânica.

“O investidor de ETFs costuma fazer aportes mais recorrentes. Também esperamos um aumento na demanda com a maior adoção dos modelos fee based pelas assessorias de investimento, em razão da diversificação, transparência e eficiência desse produto”, diz Cauê Mançanares, CEO e cofundador da Investo, ao NeoFeed.

O crescimento do mercado de ETFs tem se concentrado especialmente entre pessoas físicas, com alta de 80% no volume investido em 2024, que chegou a R$ 18 bilhões. Foram 60 mil investidores a mais só neste ano, elevando o total para 564 mil. Desse número, 112 mil aplicam em ao menos um dos 20 ETFs da Investo. Com uma prateleira já robusta de fundos passivos, a gestora agora mira uma nova fase de crescimento – desta vez, inorgânico.

Capitalizada desde a aquisição pelo grupo VanEck, em março do ano passado, a Investo vem analisando oportunidades de M&A. Na mira, segundo Mançanares, estão gestoras com produtos complementares, fora do universo de ETFs.

“Queremos crescer em outras classes de ativos. Estamos de olho em gestoras de fundos listados, que fortaleceriam ainda mais nossa base de pessoas físicas. Também temos avaliado casas com fundos líquidos – como multimercados, ações e crédito – que poderiam abrir portas junto ao público institucional. E não será, necessariamente, apenas uma aquisição”, afirma.

Ampliar a presença entre investidores institucionais é uma das prioridades da Investo para 2025. Atualmente, são cerca de 100 investidores desse perfil na base de cotistas, responsáveis por aproximadamente 20% do volume total sob gestão. A estratégia inclui eventos e encontros com fundos de pensão, com o objetivo de convencê-los a adotar ETFs.

“É um processo mais lento do que com a pessoa física. Em muitas instituições, as decisões passam por comitês. É um tipo de investidor que exige um suporte maior”, diz Mançanares.

Para avançar nessa frente, a Investo contratou Raphael Nogueira, que por sete anos foi responsável pelo relacionamento com investidores da Truxt. Segundo Mançanares, essa é uma das áreas que mais receberam reforços desde a chegada da VanEck e, hoje, conta com sete profissionais dedicados.

A inspiração para diversificar além do universo de ETFs vem de grandes casas internacionais, como a Vanguard e a própria VanEck. Atual controladora da Investo, a gestora americana tem US$ 113,8 bilhões sob gestão, alocados em diferentes classes de ativos – de venture capital a fundos líquidos.

O momento é propício. No segmento de fundos líquidos, os resgates seguem pressionando a rentabilidade dos negócios, forçando o mercado a buscar compradores ou parceiros para eventuais fusões.

A sangria é evidente, de acordo com dados da Anbima, especialmente na renda variável: no acumulado do ano, os fundos multimercados registram saídas líquidas de R$ 48,8 bilhões, enquanto os fundos de ações já somam resgates de R$ 29 bilhões.

O mesmo ocorre entre as gestoras de fundos listados. Embora esses produtos não sofram resgates, muitas cotas seguem sendo negociadas abaixo do valor patrimonial, o que limita novas captações e reduz a rentabilidade.

Entre os fundos imobiliários, por exemplo, casas com menos de R$ 300 milhões sob gestão estariam abertas a propostas, segundo apuração recente do NeoFeed.