Dos chips aos carros elétricos, o mercado de tecnologia tem sido uma das principais frentes de batalha no conflito entre a China e os Estados Unidos. E um novo campo começa a despontar como o próximo front desse embate: a inteligência artificial.
O conceito em questão vem ganhando escala, em particular, na trilha do avanço do ChatGPT, ferramenta desenvolvida pela OpenAI, startup californiana investida da Microsoft. Mas, em seu contra-ataque, a China acaba de ganhar um reforço de peso na disputa pela hegemonia nessa trincheira.
Na terça-feira, 11 de abril, o gigante chinês Alibaba, avaliado em US$ 258,6 bilhões, entrou oficialmente nessa guerra ao anunciar o lançamento de uma plataforma de inteligência artificial para rivalizar com o ChatGPT e outras ferramentas similares.
Batizada de Tongyi Qianwen, a novidade foi apresentada durante o Alibaba Cloud Summit, evento promovido pela companhia. E, no lançamento, a empresa ressaltou o potencial embutido nessa tecnologia.
“Estamos em um momento divisor de águas na tecnologia impulsionado pela inteligência artificial e a computação em nuvem, e empresas de todos os setores começaram a adotar essa transformação para ficar à frente do jogo”, afirmou Daniel Zhang, CEO do Alibaba e da divisão Alibaba Cloud.
Baseada em nuvem e com recursos disponíveis em mandarim e inglês, a ferramenta será integrada, inicialmente, a ofertas como o software de comunicação DingTalk e no assistente virtual Tmall Genie, dois exemplos do extenso portfólio do grupo.
Em comunicado, o Alibaba informou que a solução será embarcada em diversas dos seus produtos e serviços em um “futuro próximo”, sem estabelecer um prazo para essas integrações. E acrescentou que irá ofertar um modelo acessível para que seus clientes criem recursos personalizados de IA.
Na China, a nova plataforma já está disponível para testes de clientes corporativos da Alibaba Cloud, braço de infraestrutura em nuvem do grupo. Em outra ponta, os desenvolvedores locais poderão solicitar, em breve, essa versão beta para criarem seus aplicativos de inteligência artificial.
A investida chinesa não está restrita ao Alibaba. Na segunda-feira, 10 de abril, quem engrossou essa fileira foi a SenseTime. Companhia de inteligência artificial que tem o Softbank entre seus investidores, a lançou diversos produtos baseados nesse conceito, entre eles, um rival para o ChatGPT.
Há um mês, quem também seguiu esse caminho foi o Baidu, com sua plataforma batizada de Ernie. Essa artilharia inclui ainda players locais como Meituan, de delivery de alimentos, e gigantes como a Tencent que, segundo a agência Reuters, está desenvolvendo sua solução nesse espaço.
Em paralelo a essas iniciativas, o governo chinês também vem mostrando suas armas nessa guerra. Em fevereiro desse ano, o jornal Nikkei Asia informou que os reguladores locais instruíram empresas locais a não oferecerem acesso aos recursos do ChatGPT em suas plataformas.
Ao mesmo tempo, segundo a publicação, as autoridades chinesas informaram que as companhias de tecnologia do país precisariam avisar aos reguladores caso tivessem a intenção de lançar ferramentas semelhantes.
Na mesma época, o jornal estatal China Daily publicou um post na mídia social chinesa Weibo ressaltando que o ChatGPT poderia auxiliar o governo americano em sua “disseminação de desinformação e manipulação de narrativas globais para seus próprios interesses geopolíticos”.
Já na terça-feira, 10, a agência Bloomberg publicou uma reportagem com a informação de que o governo chinês exigirá uma revisão de segurança de serviços baseados em inteligência artificial. Essa será uma das condições para que o uso desses recursos seja aprovado no país.