Para as big techs, 2023 começou no mesmo ritmo do ano passado. Depois da grande onda de contratações no período da pandemia para suportar o crescimento do e-commerce, a ressaca tem custado milhares de empregos ao redor do mundo.

A estimativa do site de rastreamento Layoffs.fyi é de que cerca de mil empresas de tecnologia cortaram ao redor de 150 mil empregos globalmente em 2022. Nos primeiros dias do novo ano, mais de 25 mil postos foram extintos.

Em memorando publicado na noite de quarta-feira, 4 de janeiro, Andy Jassy, CEO da Amazon, anunciou a demissão de 18 mil funcionários. É o maior lay-off da história da gigante de e-commerce. Dias antes, a Salesforce e a Vimeo também anunciaram seus cortes.

Por trás de toda “difícil decisão de cortes”, como mostram os comunicados oficiais, as empresas de tecnologia buscam melhorar a estrutura de caixa e controlar os custos. Para o guru do Vale do Silício, Scott Galloway, esse é o novo normal para essas companhias, que experimentaram um boom econômico de 14 anos e promoveram uma explosão de contratações.

“A Amazon resistiu às incertezas da economia e às dificuldades econômicas no passado e continuaremos a fazê-lo”, diz Jassy, no comunicado. “Essas mudanças nos ajudarão a buscar nossas oportunidades de longo prazo com uma estrutura de custos mais forte. Estou otimista de que seremos criativos, engenhosos e desconexos.”

Os cortes afetarão sobretudo as funções em lojas presenciais da empresa, como Amazon Fresh e Amazon Go, e setores de recursos humanos. A companhia emprega 1,5 milhão de pessoas, em todo o mundo.

Um dia antes, a Amazon conseguiu fechar um acordo com alguns de seus financiadores para obter um empréstimo de US$ 8 bilhões, para apoiar investimentos, pagar dívidas e necessidades de capital de giro. No final do terceiro trimestre de 2022, a empresa tinha US$ 59 bilhões em dívidas e cerca de US$ 35 bilhões em caixa.

No mesmo dia, pela manhã, Marc Benioff, CEO da Salesforce, havia comunicado o corte de 10% de sua força de trabalho, o equivalente a 7 mil empregados, além de fechar alguns escritórios como parte do plano de reestruturação e corte de custos.

“O ambiente continua desafiador e nossos clientes estão adotando uma abordagem mais ponderada em suas decisões de compra”, lê-se em e-mail do executivo para a equipe.

Outra empresa que entrou no ano novo com demissões foi o Vimeo – corte de 11% da força de trabalho. A segunda maior rodada de dispensas da plataforma de vídeo, em menos de um ano. Em julho de 2022, 6% dos funcionários foram colocados na rua.

As demissões na área de tecnologia são reflexo da pandemia do novo coronavírus. Durante a crise sanitária, com o mundo confinando no universo digital, as receitas dessas companhias explodiram. “Com isso contratamos muitas pessoas levando a essa crise econômica que enfrentamos agora”, afirma Bernioff, da Salesforce.

Essa também foi a justificativa de Mark Zuckerberg ao anunciar a dispensa de 11 mil funcionários da Meta, no segundo semestre do ano passado. Em memorando, ele fez o mea culpa: “Muitas pessoas diziam que essa aceleração seria permanente, mesmo com o fim da pandemia. Eu também; então tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, não aconteceu do jeito que eu esperava.”