A Americanas publicou nesta quinta-feira, 16 de novembro, seu balanço referente aos resultados de 2022. Havia grande expectativa sobre os resultados revisados após inúmeros adiamentos pela rede varejista.
Desde que o rombo contábil foi anunciado no início de janeiro pelo então CEO Sergio Rial, os números referentes ao quarto trimestre de 2022 não haviam ainda sido divulgados ao mercado.
Agora, a rede varejista fez uma revisão e uma correção dos registros contábeis. Nos números recentemente divulgados, o patrimônio líquido e o Ebitda foram negativos em R$ 26,7 bilhões e R$ 6,2 bilhões, respectivamente, em 2022.
No ano passado, o prejuízo líquido da Americanas foi de R$ 12,9 bilhões. E a dívida líquida estava em R$ 26,3 bilhões. Além da revisão das informações do ano passado, a rede varejista ajustou os dados referentes a 2021, que mostraram um Ebitda negativo de R$ 3,4 bilhões e um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões.
Com essa revisão, a rede varejista afirma que a fraude total foi de R$ 25,2 bilhões entre VPC (Verba de Propaganda Cooperada) fictícia, juros não contabilizados em resultado e despesas contabilizadas como investimentos, todos já ajustados nos balanços apresentados.
A Americanas informa, em nota ao mercado, que “após sofrer fraude de resultados praticada pela antiga diretoria, a companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões”.
Junto aos números revisados de 2021 e 2022, a Americanas apresentou um guidance para 2025. A companhia prevê um Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões (ou mais de R$ 1,5 bilhão depois do pagamento de aluguéis), uma dívida financeira bruta de até R$ 1,5 bilhão e uma alavancagem abaixo de 0,75x sem considerar os recebíveis.
Histórico já era negativo
Em setembro deste ano, o NeoFeed teve acesso com exclusividade a uma série de documentos e planilhas com a então situação financeira da Americanas. Os números mostravam que, mesmo antes da divulgação da fraude em janeiro, a situação da rede varejista era ruim.
Antes dessa revisão contábil, o NeoFeed mostrou que de janeiro a novembro do ano passado a rede varejista tinha um Ebitda negativo de quase R$ 2,2 bilhões. E a situação financeira da Americanas havia piorado no quarto trimestre de 2022.
Com os dados exclusivos revelados pelo NeoFeed, a alavancagem da Americanas já estava em 3,1 vezes em novembro. A estimativa para dezembro era que a rede varejista viraria o calendário de 2022 para 2023 com uma alavancagem de 4,2x.
Esse indicador mostrava que os covenants (cláusulas restritivas existentes em contratos de dívida) de duas debêntures haviam sido quebrados já no ano passado. A alavancagem da rede varejista não poderia ultrapassar o índice de 3,5 vezes a relação entre a dívida líquida e o Ebitda.