A Ânima Educação reformulou sua área de educação continuada B2B e está lançando a Ânima Empresas, nova frente de negócios voltada ao desenvolvimento de pessoas e organizações, buscando surfar a demanda das corporações por cursos e capacitações.

A nova vertical fará a ponte entre as 18 instituições que compõem o Ecossistema Ânima — como Anhembi Morumbi e São Judas — e o setor privado, oferecendo cursos, serviços de pesquisa e capacitações, unificando as iniciativas em uma única estrutura. Trata-se de um reforço à antiga estrutura de educação continuada B2B, antes limitada a iniciativas isoladas.

A estratégia faz parte do plano da  Ânima de ir além da graduação e da pós-graduação e crescer no chamado mercado ampliado de educação, que inclui também cursos livres e de aperfeiçoamento, estimado em R$ 100 bilhões.

“Já estávamos em um processo de aproximação com o mercado. Diante da demanda das empresas, decidimos criar uma estrutura para oferecer o conhecimento das nossas áreas com um maior viés B2B”, diz Reynaldo Gama, vice-presidente da Ânima Empresas, ao NeoFeed.

Gama foi escolhido para liderar a iniciativa pelos resultados obtidos como CEO da HSM, marca voltada à capacitação executiva, e da Singularity, instituição criada no Vale do Silício e presente no Brasil desde 2020, com foco em inovação e tecnologia.

Nos seis anos à frente da HSM, Gama dobrou o tamanho da unidade, capturando a demanda das empresas por capacitação. Atualmente, atende 380 empresas, entregando mais de 600 projetos por ano — acima dos 280 em 2019. A projeção é que o número de pessoas capacitadas passe de 30 mil para 80 mil.

À frente da Ânima Educação, Gama tem a missão de replicar esse desempenho na nova vertical.  “A ideia é que a Ânima Empresas se torne uma one stop solution, atendendo todas as camadas das empresas, do estagiário ao board”, afirma o executivo

A plataforma incluirá cursos e serviços de marcas que, à primeira vista, não parecem voltadas ao mundo corporativo. É o caso da escola de gastronomia Le Cordon Bleu e da recém-lançada escola para criadores de conteúdo, a Community Creator Academy.

Na área de pesquisa e consultoria, a Ânima quer replicar o modelo das universidades dos Estados Unidos. “Quando uma empresa quer lançar um produto novo lá, ela recorre às Ivy Leagues [principais universidades americanas] para discutir pesquisa. Queremos trazer isso para cá”, afirma Gama.

Treinamentos em alta

A reestruturação da unidade B2B busca aproveitar o crescimento da demanda por treinamentos e capacitações, além de reforçar essa linha de receita no balanço da Ânima. No primeiro semestre, a unidade registrou faturamento de R$ 19,4 milhões, alta de 14,6%.

Levantamento da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) apontou que, no ano passado, os investimentos das empresas na capacitação de colaboradores cresceram 14% em base anual, tendência que se mantém.

Em média, as empresas investiram 1,84% da folha de pagamento anual em treinamentos, com gasto médio de R$ 1,2 mil por funcionário. O tíquete médio mensal da educação continuada da Ânima, que inclui pós-graduação, foi de R$ 181 no primeiro semestre.

O mercado de treinamento ainda tem espaço para crescer. Nos Estados Unidos, o gasto anual médio chega a R$ 6,6 mil, segundo a ABTD.

Por isso, diversos players estão investindo forte no segmento. Um deles é a Exame, que expandiu sua atuação no ano passado com a compra da Saint Paul. O mercado também conta com nomes de peso como Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Fundação Dom Cabral.

A Ânima aposta em sua escala e diversidade de cursos para se diferenciar. Com mais de 500 polos educacionais no país, a empresa planeja alcançar um público mais amplo, de pequenos empresários a companhias fora do eixo Rio-São Paulo.

“Quando falamos das nossas 18 instituições, espalhadas por 75% do território nacional, conseguimos atender às particularidades das empresas”, diz Gama.

“Estamos em negociação com uma grande companhia, que não posso revelar, interessada em formar engenheiros específicos, pois na região onde atua não encontra os profissionais que precisa — e eles não querem sair de São Paulo”, complementa.

As ações da Ânima acumulam alta de 111,4% no ano, levando o valor de mercado a R$ 1,3 bilhão.