Em meio à revisão de seu portfólio global de projetos, com investidores questionando os gastos excessivos das petroleiras, a Exxon Mobil decidiu encerrar as operações de exploração de petróleo no Brasil, depois de ficar com mãos (ou barris) abanando após diversas iniciativas.

Segundo o jornal The Wall Street Journal (WSJ), citando informações obtidas com pessoas familiarizadas com a decisão, depois fracassar em encontrar reservas de petróleo viáveis comercialmente por três vezes, a gigante petrolífera do Texas, com valor de mercado de US$ 469,2 bilhões, decidiu interromper as operações de perfuração na região do pré-sal.

Em 2021, a Exxon abriu dois poços nas Bacias de Campos e Santos. No ano passado, ela realizou uma terceira perfuração na Bacia de Sergipe-Alagoas. Mas os resultados decepcionaram, com nenhum dos três apresentando petróleo suficiente para serem comercialmente viáveis.

Segundo informações em seu site, a Exxon é detentora de uma área de mais 10 mil quilômetros quadrados no Brasil, com participação em 28 blocos nas bacias de Campos, Santos e Sergipe-Alagoas com os parceiros Petrobras, Equinor, Petrogal Brasil, Qatar Petroleum, Enauta e Murphy. Desses 28 blocos, ela é operadora de 17.

Diante do fracasso e das despesas para manter essas operações – um poço em águas profundas custa entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões, segundo a consultoria Wood Mackenzie –, a companhia está realocando o corpo técnico alocado no Rio de Janeiro para outros países, como Guiana, Angola e Canadá, segundo o WSJ.

A decisão da Exxon de interromper os trabalhos de exploração no Brasil representa uma derrota para a empresa, que voltou a operar no País há seis anos com altas expectativas, diante do sucesso que seus concorrentes estavam tendo na exploração do pré-sal.

Em dezembro, o CEO da empresa, Darren Woods, citou o Brasil como uma das maiores “oportunidades de crescimento” do portfólio da empresa. O País também seria um dos principais destinos de investimentos, junto com a Bacia Permiana, nos Estados Unidos, e Guiana, além de projetos de gás natural liquefeito.

A decisão de interromper os projetos de exploração não significa que a empresa não está aberta a novos projetos no futuro. A porta-voz da Exxon, Michelle Gray, afirmou que a companhia continua engajada no Brasil e segue analisando oportunidades de exploração no País.

De acordo com as fontes ouvidas pelo WSJ, a Exxon considera realizar perfurações na chamada Margem Equatorial, a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, situada no litoral entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte.

As dificuldades da Exxon no Brasil contrastam com os resultados que ela está tendo na Guiana, onde encontrou reservas de petróleo previstas para durarem décadas. Ela tem seis poços em operação e deve avançar em suas operações.

A empresa também está apostando em Angola, enviando um navio de perfuração no ano passado, na primeira investida da companhia a um país da África Ocidental desde 2018.

Em nota enviada ao Neofeed, a Exxon destacou que o Brasil é uma região "importante no futuro da empresa" e que os projetos brasileiros "permanecem no caminho da companhia e fazem parte da estratégia global e dos planos de negócios".

A empresa informou também que seu programa inicial de perfuração de exploração está agora completo e que o Campo de Bacalhau, operado pela Equinor e onde a Exxon possui uma participação de 40%, deve começar a extrair petróleo em 2025, depois de iniciar a perfuração de poços de desenvolvimento no quarto trimestre de 2022.