O Toronto-Dominion Bank, conhecido como TD Bank, se declarou culpado de várias acusações feitas por reguladores dos Estados Unidos, incluindo violação de sigilo bancário e lavagem de dinheiro.
De acordo com o procurador-geral americano Merrick Garland, ao longo de seis anos, o TD Bank deixou de monitorar US$ 18,3 trilhões em transferências de clientes, dando espaço para que três redes de lavagem de dinheiro movimentassem mais de US$ 670 milhões através de suas contas. Um dos agravantes é que, pelo menos um dos esquemas, envolvia cinco funcionários do TD.
Após assumir a culpa pelo crime na quinta-feira, 10 de outubro, o banco, que é o 10º maior dos Estados Unidos em ativos sob gestão, concordou em pagar um total de US$ 3 bilhões em multas.
Além da pena financeira, o TD também recebeu restrições em relação ao seu crescimento no país, impostas pelo regulador bancário, o OCC. De acordo com o órgão, os ativos totais das duas subsidiárias do TD nos Estados Unidos não poderão ultrapassar US$ 434 bilhões.
"Hoje, o TD Bank se tornou o maior banco dos EUA a se declarar culpado por falhas no programa de cumprimento da lei de sigilo bancário e o primeiro americano a se declarar culpado por lavagem de dinheiro", afirmou Garland, em coletiva. “O TD escolheu o lucro em vez da conformidade com a lei, uma decisão que agora está custando bilhões de dólares em penalidades”.
Segundo ele, os executivos do banco, incluindo o chefe da área de combate à lavagem de dinheiro, sabiam dos problemas, mas não tomaram ações para corrigi-los.
As conclusões foram obtidas através de mensagens enviadas por funcionários do TD Bank à Justiça, que demonstram preocupação com transações realizadas por um homem conhecido como David. Sozinho, ele movimentou mais de US$ 470 milhões em sua conta no banco.
Em uma dessas trocas de mensagens, em fevereiro de 2021, um funcionário comentou uma operação de US$ 1 milhão feita por David em um único dia e perguntou a um colega: “Como isso não é lavagem de dinheiro?”. Ele respondeu: “É 100%”.
As provas já são suficientes para iluminar o caso, mas Garland afirma que a investigação não chegou ao fim. “Nenhum indivíduo envolvido no crime será poupado”, afirmou.
Apesar das multas financeiras serem expressivas, algumas autoridades não acreditam que elas sejam suficientes. Na visão da senadora Elizabeth Warren, os grandes bancos veem as multas como o “preço” de fazer negócios e o acordo permite que os executivos do banco fujam das consequências de terem sido coniventes com os crimes.
Em uma declaração, o CEO do banco, Bharat Masrani, afirmou que a instituição está tomando as atitudes necessárias para evitar novos crimes. "Assumimos total responsabilidade pelas falhas em nosso programa de combate à lavagem de dinheiro nos EUA e estamos fazendo os investimentos, mudanças e melhorias necessárias para cumprir com nossos compromissos”.
Segundo ele, este é um capítulo difícil na história do banco. “Essas falhas ocorreram sob a minha supervisão como CEO, e eu peço desculpas a todos os nossos stakeholders”, complementou.
As ações do TD Bank recuavam cerca de 5,4% durante o pregão, levando o valor de mercado do banco para US$ 104,3 bilhões.