O grupo Carrefour divulgou um fato relevante no meio da tarde confirmando que estuda fechar o capital da sua subsidiária brasileira. A informação de que a companhia caminhava para esse movimento havia sido publicada pela agência Bloomberg na manhã de terça-feira, 11 de fevereiro.

No fato relevante, a varejista informa que seus controladores franceses submeteram à gestão local da empresa uma proposta para converter a companhia em sua subsidiária integral, o que resultaria na deslistagem do Carrefour Brasil do Novo Mercado e na migração de seu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de companhia aberta categoria A para emissor Categoria B.

Atualmente, os controladores franceses detêm uma participação de 67,4% do capital da companhia. Já a Península tem uma fatia de 7,3% na operação, enquanto o percentual de ações em livre circulação (free float) é de 25,3%.

Em comunicado divulgado há instantes na França, a matriz francesa ressalta que transação recebeu total apoio da Península. E que decidiu dar esse passo para “reiterar sua confiança na trajetória de crescimento” do Carrefour Brasil e sua convicção na potencial criação de valor da operação.

O grupo também destaca que a deslistagem vai permitir uma gestão mais ágil e com mais ênfase em execução. Na nota, Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, observa que tal medida coloca, mais do que nunca, o Brasil no “coração da sua estratégia”.

Segundo o fato relevante divulgado no Brasil, a potencial transação será implementada por meio da incorporação da totalidade das ações de emissão do Carrefour Brasil em uma sociedade brasileira detida integralmente (direta ou indireta) pela matriz francesa.

Na proposta dos franceses, cada ação ordinária de emissão da empresa será substituída por uma ação resgatável Classe A, Classe B ou Classe C de emissão da subsidiária a ser constituída nesse processo. Caso a transação seja aprovada, a escolha da classe de ações resgatáveis ficará a critério de ada acionista.

Para as ações Classe A, a relação de troca proposta pelos controladores envolve o pagamento de R$ 7,70 ao titular, totalmente em dinheiro. Já as ações Classe B seriam trocadas por 0,0045 ação do Carrefour negociadas em Paris ou 0,045 do BDR a ser implementado pelo grupo, além do pagamento de R$ 3,85.

No caso das ações resgatáveis Classe C, o papel seria trocado por 0,09 ação da varejista negociada na Bolsa de Valores de Paris. Ou, em uma segunda opção, por 0,09 do BDR a ser negociado na B3.

Segundo o grupo, a proposta oferece a todos acionistas a oportunidade de assegurar liquidez em termos justos e atrativos, com um prêmio de 32,4% em relação ao preço médio ponderado das negociações das ações nos 30 dias anteriores a 10 de fevereiro, além de um prêmio de 27,3% sobre a relação de troca.

O Carrefour informou ainda que que a potencial transação está sendo negociada com a matriz francesa por meio de um Comitê Especial Independente, nomeado pelo Conselho de Administração da subsidiária brasileira.

O comitê em questão é formado por três membros independentes do board e está em um estágio avançado de negociações. Caso as conversas tenham um desfecho positivo, o grupo irá convocar uma assembleia geral de acionistas para avaliar a proposta.

Na B3, as ações do Carrefour Brasil, que já vinham cumprindo um rali após as informações publicadas pela Bloomberg, dispararam de vez com a confirmação do grupo. Os papéis registravam alta de 15,97% por volta das 16h25.

Em 2025, as ações da companhia, avaliada em R$ 15,8 bilhões, registram alta de 37,7%. Em doze meses, os papéis acumulam, porém, uma desvalorização de 35,1%.