A catástrofe climática no Rio Grande do Sul e a concorrência no mercado de aviação foram as pautas da vez na coletiva de imprensa realizada pela Azul para comentar os resultados da companhia aérea no primeiro trimestre de 2024.

A Azul reportou alta de 4,5% na receita, para R$ 4,7 bilhões, nos três primeiros meses deste ano. O prejuízo líquido ajustado, por sua vez, foi de R$ 324,2 milhões, queda de 55%. O Ebitda aumentou 37,4% para R$ 1,4 bilhão.

“Não estamos fazendo update do guidance”, disse John Rodgerson, CEO da Azul, ao comentar sobre a possibilidade de mudança nas previsões devido às chuvas que inundaram aeroportos no Rio Grande do Sul. “Vamos realocar as aeronaves para outros destinos até a situação melhorar.”

A Azul já havia atualizado suas perspectivas de ganhos pouco tempo atrás. Em março deste ano, a companhia informou que a projeção do Ebitda aumentou de R$ 6,3 bilhões para R$ 6,5 bilhões e também divulgou que espera aumentar sua capacidade em aproximadamente 11% em relação a 2023.

Rodgerson afirmou que o Rio Grande do Sul representa uma fatia de 10% do mercado para a companhia. Nos últimos dias, a Azul voou apenas com aviões de carga para a região Sul com o objetivo de transportar doações que são desembarcadas em Santa Catarina e depois transportadas por rodovias para o estado vizinho.

Para amenizar o custo, Rodgerson afirma que está em conversas com o governo para a reabertura do aeroporto de Canoas para voos comerciais. “Fazer voo só com carga é caro. Queremos abrir o aeroporto de Canoas o mais rápido possível”, disse o CEO da Azul.

Em relação à competição no setor aéreo, o CEO elogiou as concorrentes, mas lembrou que a Azul conseguiu conquistar uma fatia de 30% do mercado desde 2018.

O executivo não comentou sobre a possibilidade de fusão com uma concorrente, mas disse “ser saudável” para o mercado ter empresas maiores no setor aéreo. “Quando você tem empresas maiores, você capta mais barato, compra mais aeronaves, paga mais impostos”, afirmou Rodgerson. “O Brasil será melhor com empresas aéreas mais fortes.”

Entre os números divulgados na segunda-feira, 13 de maio, a companhia informou que tem R$ 1,3 bilhão em caixa e equivalentes de caixa - queda em relação ao R$ 1,8 bilhão registrados no fim do ano passado.

A empresa reportou que as obrigações com vencimento de curto prazo somam R$ 9,7 bilhões. Entre 2 e 5 anos, R$ 28,2 bilhões. Já o passivo acima de cinco anos está em R$ 12,1 bilhões.

“As dívidas reais só começam a ser pagas em 2028”, afirmou Alexandre Malfitani, CFO da Azul. “Parte da dívida vai passar por rolagem, é algo que faz parte da gestão de qualquer administração.”

As ações AZUL4 negociadas na B3 acumulam queda de 23,3% no ano e de 11,7% em 12 meses. O valor de mercado da companhia é de R$ 3,8 bilhões.