Com a pandemia deixando de ser um problema e as viagens voltando aos patamares normais, tudo está conspirando em favor da Azul, segundo o Bank of America.

Citando o bom andamento das negociações de passivos com arrendadores de aeronaves, câmbio favorável e preços dos combustíveis e em baixa, os analistas Rogério Araújo e Gabriel Frazão avaliam que as perspectivas da companhia começaram a embicar para cima.

Vendo uma boa relação entre risco e retorno, eles decidiram elevar a recomendação para as ações da empresa de venda para neutro e elevaram o preço-alvo de R$ 11,80 para R$ 18,00. O novo valor representa um potencial de alta de 24% ante os patamares atuais.

O principal fator para a mudança de humor foi o anúncio da Azul, em março, de que chegou a um acordo com os arrendadores de aeronaves para reestruturar as dívidas que detinha com essas empresas, representando mais de 90% do seu passivo de arrendamento.

Em troca, os arrendadores receberão um título de dívida sem garantia com vencimento em 2030 com um cupom de 7,5% ao ano, e um instrumento conversível em ações preferenciais no valor de R$ 36,00 por ação. A respeito desse segundo ponto, os analistas destacam que se trata de um preço de referência. Se a ação cair abaixo deste nível, a diferença pode ser paga por meio de novas ações, dinheiro ou dívida.

A companhia calcula que esta reestruturação reduzirá os pagamentos de arrendamento daqui para frente em, aproximadamente, R$ 5,4 bilhões. E, para os analistas do BofA, a medida terá efeitos positivos sobre o caixa da companhia.

“Nós esperamos que o plano de reestruturação da Azul com os arrendadores adicione de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões ao valor presente líquido, dependendo do preço de conversão das ações”, diz trecho do relatório, o que teria um efeito positivo de R$ 5 a R$ 12 por ação.

Os analistas do BofA também levaram em consideração a expectativa de crescimento do setor aéreo neste ano e no próximo para melhorar o otimismo com a Azul.

Avaliando que a oferta de voos no País crescerá 32% no período – com a Azul registrando um aumento de 29% – e que os custos estarão em patamares mais baixos, eles afirmam que há espaço para a empresa reduzir os preços das passagens, estimulando a demanda.

As ações preferenciais da Azul fecharam o pregão de segunda-feira, 22 de maio, com expansão de 9,38%, a R$ 15,40. No ano, elas acumulam alta de cerca de 40%, levando o valor de mercado a R$ 5,3 bilhões.