A Azzas 2154, grupo formado pela fusão de Arezzo e Soma, está dando continuidade ao enxugamento das marcas em seu portfólio. Nos próximos dias, a empresa deve anunciar a revenda da Baw Clothing para os fundadores Bruno Karra e Lucas Karra, segundo apurou o NeoFeed.

Os irmãos Karra vão repetir a sociedade e parceria com Celso Ribeiro,  fundador do BR Media Group, especializado em marketing de influência e que recentemente foi vendido para o grupo Publicis. A marca de streetwear, criada por eles no Bom Retiro, bairro na região central de São Paulo conhecido como uma área têxtil, vai ser recomprada por um valor abaixo do negociado com a então AR&Co em 2021, fontes a par da negociação disseram ao NeoFeed.

Há cerca de três anos e meio, após adquirir a Reserva para formar um portfólio de marcas despojadas de vestuário, a AR&Co desembolsou R$ 105 milhões para colocar a Baw sob o guarda-chuva do segmento masculino - metade em ações, cerca de 30% à vista e o restante estava condicionado ao atingimento de metas.

No fim de 2024, a Azzas 1254 anunciou a primeira parte da revisão do seu portfólio, que contava com um total de 34 marcas. Naquele momento, Alme, Dzarm, Reversa e Simples foram descontinuadas. A Fábula foi incorporada pela Farm, a Brizza virou uma categoria da Arezzo e outras três marcas estavam sendo reavaliadas.

Quando entrou para o grupo AR&Co, a Baw faturava cerca de R$ 40 milhões por ano e o plano era dobrar a receita em até dois anos. Segundo apurou o NeoFeed, a expectativa para 2025 era chegar aos R$ 100 milhões.

baw clothing fundadores
os sócios da Baw Lucas e Bruno Karra e Celso Ribeiro

A volta à independência da Baw significa também uma volta às origens. Seus fundadores vão buscar se reconectar com o público original e recuperar a autenticidade da marca. Das quatro lojas existentes, três serão fechadas. Apenas a flagship no Bom Retiro, onde a marca foi criada, permanecerá aberta.

A estratégia de presença em lojas multimarcas, que ganhou força dentro do grupo Arezzo, será mantida. E o plano de internacionalização da grife, que não ganhou tração, volta à pauta com a desvalorização do real sobre o dólar.

Segundo apurou o NeoFeed, Lucas Karra, que será o CEO da Baw, está preparando o que eles estão chamando internamente de vídeo manifesto para explicar de forma clara essa transição e anunciar a renovação visual da marca.

No entendimento dos sócios-fundadores, marcas de streetwear têm de permanecer fiéis à essência que conquistou um público formado por uma comunidade nas redes sociais. A Baw foi vendida para a AR&Co com 1,2 milhão de seguidores no Instagram e atualmente conta com 1,4 milhão de seguidores - um crescimento de menos de 20% em três anos e meio.

Quando se tornou popular entre seus seguidores, a Baw tinha um engajamento muito forte com influenciadores. A marca aparecia com frequência nos perfis das atrizes Bruna Marquezine, Carla Diaz e Maísa, do apresentador Marcos Mion, além de Gkay e Rafa Kalimann.

A consultoria Píer Partners e o escritório de advocacia Zavagna Gralha atuaram pelo lado dos fundadores da Baw. O grupo Azzas 2154 foi assessorado pelo Stocche Forbes Advogados.

Procurados, Lucas e Bruno Karra disseram que não iriam comentar. O Azzas confirmou que a marca está retornando aos ex-donos.

De janeiro a setembro do ano passado, o grupo Azzas 2154 registrou R$ 9,9 bilhões de receita bruta, uma expansão de 9,1% sobre o mesmo período do ano anterior. A alavancagem da companhia estava em 1,1 vez a geração de caixa. O próximo balanço será divulgado dia 11 de março.

Nesses últimos meses, desde a fusão entre AR&Co e Soma, o grupo vem adotando processos de sinergia, eficiência e criação de valor para o negócios. Listada na B3 com o ticker AZZA3, a ação do grupo Azza 2154 acumula queda de 50,8% em 12 meses. O valor de mercado da companhia é de R$ 5,9 bilhões.