Ex-sócio de Nizan Guanaes e Guga Valente no Grupo ABC, Bazinho Ferraz já tinha uma bagagem de duas décadas no mercado publicitário quando criou, em 2018, a B&Partners. A tese? Compor um ecossistema que atendesse de ponta a ponta as demandas de publicidade, marketing, vendas e tecnologia de anunciantes.
Essa ideia se materializou em 16 empresas, que, somadas, têm uma receita de R$ 650 milhões, movimentam R$ 1,3 bilhão em verbas publicitárias e atendem mais de 280 marcas. Agora, o grupo está movendo e adicionando peças nesse quebra-cabeças para estreitar as conversas com outro público.
A companhia acaba de criar sua própria gestora, a Atmosphera&Partners.Co. Ao mesmo tempo, em um rebranding, está rebatizando sua rede de empresas, que passa a se chamar Biosphera.ntwk, em substituição à marca B&Partners.
“Com a gestora, vamos ter um olhar muito mais centrado no mercado de capitais. Não dá para ter a mesma marca falando com investidores e anunciantes”, diz Ferraz, ao NeoFeed. “Já a Biosphera terá uma visão mais de produto, de comercial e de operação. E na conversa com as marcas.”
A Atmosphera vai reunir, entre outras frentes, o investimento de cerca de R$ 210 milhões feito pelo grupo nas 16 empresas que formam seu ecossistema. Isso inclui os ativos da B&P Ventures, braço de corporate venture centrado em martechs e retailtechs.
Ao mesmo tempo, a gestora vai buscar recursos para oxigenar ainda mais as operações da holding. O que vai se traduzir na estruturação de fundos para financiar investimentos em novas companhias. E com abertura para um olhar um pouco mais amplo do que aquele que foi adotado até aqui pela B&Partners.
“A tese da B&Partners era mais focada em growth e em tecnologias muito voltadas ao marketing”, diz Ferraz. “E, ao longo desses anos, acabamos perdendo muitas oportunidades em varejo, canais de mídia, economia criativa e num espectro mais amplo de tecnologia.”
Essas quatro frentes entram agora no radar. Ferraz ressalta, porém, que o grupo ainda está definindo questões como o tamanho dos cheques e as participações buscadas nessas novas investidas. Assim como o volume de captações e perfil dos fundos e investidores que irão financiar essas operações.
“Temos falado bastante com o mercado para batermos esse martelo, o que deve acontecer até o segundo semestre de 2026”, afirma. “Os veículos seriam ou fundos a mercado ou fundos fechados com family offices e gestoras de private equity para podermos investir numa estrutura mais no longo prazo.”
Enquanto ajusta esses parafusos, em sua “engrenagem” de investimentos de growth, que agora também estarão sob o espectro da Atmosphera, o grupo vai mirar ativos em retail media, e-commerce e CRM. Até aqui, os cheques nessa frente, que inclui o braço de venture capital, foram de R$ 500 mil a R$ 60 milhões, com fatias de 10% a 30%. E a busca posterior pelo controle das operações.
Hoje, esse ecossistema inclui empresas como a BFerraz, criada por Ferraz, em 1999, e recomprada por ele, em 2015. Além de nomes como Just a Little Data, Just Live, Snack Content, Vitrio, Databeats e a Ampfy, agência de publicidade digital que foi a mais recente aquisição da B&Partners.
Esse portfólio agora sob o chapéu da Biosphera também será o destino de parte dos recursos a serem captados pela Atmosphera. Aqui, porém, com foco em acelerar a expansão internacional dessas ofertas de forma integrada.
“Já estamos em oito países, mas, em muitos países, atendemos só uma especialidade, pois nossas empresas foram expandindo isoladamente”, afirma Ferraz. “Nesse primeiro momento, a ideia e poder ofertar a plataforma como um todo, end to end, com foco na América Latina, Europa e Estados Unidos.”
Uma segunda etapa poderá envolver aquisições também no exterior. Com essas movimentações, a projeção é de que a operação internacional salte da fatia atual de 15% da receita do grupo para 40% em cinco anos. Ao fim desse prazo, a meta é chegar a uma receita total da holding de R$ 1,6 bilhão.
Na perseguição dessa meta, outras duas novas frentes complementam as operações sob o guarda-chuva da Atmosphera. A primeira é a BIOS, nova empresa de serviços de back office que, até então, atendiam o ecossistema da B&Partners. E cujo portfólio passará a ser ofertado a outras companhias.
Esse leque inclui um time de 90 profissionais e serviços de gestão financeira, jurídicos, contabilidade, marketing e aceleração. Na ponta da oferta, o foco estará em companhias de tecnologia, marketing e vendas. Muitas delas são empresas que já tentaram captar investimentos com a B&Partners.
“Quanto mais eu deixar essa estrutura leve, menos ela vai custar para mim”, diz Ferraz, sobre o racional da criação da BIOS. Além da empresa, a holding está estruturando um braço próprio de fintech, com o apoio de parceiros, no modelo white label.
A ideia é atuar como um banking as a service para empresas da Biosphera. Com início de operação em 2026, a ideia é ofertar produtos como contas salário, cartões de benefício, cartões de crédito e linhas de crédito para funcionários do grupo.
Em outra ponta, também estão previstas estruturações de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs) para financiar fornecedores. Algo que, hoje, a holding já faz, usando a estrutura de bancos.
“Existem recursos que já estavam passando pelo nosso ecossistema e que nós não enxergávamos”, afirma Ferraz. “Com esse movimento, vamos gerar mais receita dentro do nosso próprio ecossistema. E, ao mesmo tempo, vamos ser mais atrativos para outras empresas que queiram entrar nele.”