A Petrobras tem sido uma alegria para os seus acionistas. No primeiro trimestre deste ano, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 38,7 bilhões, o segundo maior da história para o período entre todas as empresas listadas na B3. Com isso, o total de dividendos distribuídos pela companhia chegou a R$ 24,7 bilhões - equivalente ao valor de mercado da CSN Mineração, uma das maiores do país.
Esses resultados levaram o BB Investimentos a atualizar as expectativas para o investimento na companhia. Embora a recomendação continue sendo de compra para a ação, a equipe de análise reduziu o preço-alvo em pouco mais de 16%, de R$ 43 para R$ 36.
Pelos cálculos do BB, os múltiplos da companhia seguem atrativos para o investidor. A estimativa do valor da empresa neste ano, medido pelo indicador EV/EBITDA, está em 2,3x, ante pares negociados a 3,7x. Essa diferença significa um desconto relativo de 39%. O preço/lucro está em 3,4x, 50% menor do que a média dos pares, negociados a 6,8x.
“A Petrobras tem desafios de curto prazo, como a revisão de seu plano estratégico e a expectativa de mudanças na política de dividendos, e outros de longo prazo, como a reposição de reservas (incluindo a possível exploração da margem equatorial que ganhou evidência nas últimas semanas) e investimentos em transição energética”, escreveu o analista Daniel Cobucci.
Na quinta-feira, 1º de junho, a Petrobras divulgou ao mercado a revisão do seu plano estratégico, com as prioridades para o período entre 2024 e 2028. O direcionamento foi aprovado na noite anterior pelo seu Conselho de Administração da petroleira e prevê um aumento do teto de investimentos (Capex) em projetos de baixo carbono, que subiu de 6% para 15%.
Além disso, estão previstos investimentos de projetos em energias renováveis e em descarbonização das operações, que deverão ser estabelecidos dentro da governança da companhia. Entre eles, petroquímicos e fertilizantes.
“Em nosso modelo, consideramos uma distribuição de 50% do lucro líquido, já antevendo mudança na fórmula atual. Assim, esperamos R$ 3,62 por ação para 2023 (yield de 12,1%) e R$ 4,02 por ação para 2024 (yield de 13,4%). Entendemos esse volume de dividendos como adequado para fazer frente ao aumento nos investimentos e considerando a elevada geração de caixa operacional”, destacou Cobucci.
Petrobras na Foz do Amazonas
O BB Investimentos chama a atenção para o pedido de autorização ao Ibama para testes de exploração de petróleo e gás em uma área a 500 km da foz do Rio Amazonas, próxima ao Amapá e ao Pará. A Petrobras tem planos de investimentos na Foz do Amazonas, que integra a chamada Margem Equatorial.
“Com a expectativa de declínio do pré-sal ao longo da próxima década, a companhia precisa encontrar formas de repor suas reservas. Na última semana, o Ibama trouxe um parecer com dúvidas relevantes sobre a atuação em uma região de elevada sensibilidade. Em nossa visão, a negativa para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, na Bacia da Foz do Amazonas, dada a complexidade das tratativas, não foi uma surpresa”, escreveu o analista do BB.
Com o corte no preço do barril do petróleo tipo Brent pela Opep+, o óleo negro tem sido negociado em torno de US$ 70 o barril em 2023. A projeção do BB Investimentos é de um valor de US$ 77,60 para 2023 e de US$ 80,85 para 2024, com um Brent de longo prazo em US$ 53,70 o barril.
Com valor de mercado de R$ 378,4 bilhões, a Petrobras tem uma dívida líquida total de R$ 224,5 bilhões. A ação preferencial da empresa está em alta de 14% em 2023. Em 12 meses, a queda do papel é de 13%.